MARINA ESTARQUE
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O velório de Waldik Grabriel Chagas, 11, morto por um agente da GCM (Guarda Civil Metropolitana) no sábado (25), foi marcado pelo clamor dos familiares do menino por justiça.
“Foi um tiro certeiro, eles atiraram para matar. Não dá para se conformar. O que ele [guarda] fez foi uma barbaridade. Se fosse com o filho dele, ele iria até o inferno buscar quem matou. Quero justiça”, disse o tio do menino, Valmir Chagas, 39, no velório da criança nesta segunda-feira (27), na zona leste de São Paulo. O enterro está previsto para esta tarde.
Waldik foi morto com um tiro na nuca por um guarda-civil metropolitano no fim de semana, no banco traseiro de um Chevette alvo de tiros. Segundo a Guarda Civil, homens que ocupavam o carro faziam assaltos em Cidade Tiradentes, na zona leste. Perseguidos, não pararam e atiraram. Depois fugiram.
O autor do disparo que matou o garoto foi preso por homicídio culposo (sem intenção). A Secretaria da Segurança Pública informou que o GCM pagou R$ 5.000 de fiança e foi liberado.
O tio do menino disse que via a criança com frequência. “Fiz aniversário ontem e olha o que eu ganhei de presente”, afirmou Valmir, emocionado.
O pai de Waldik, também cobrou punição e disse acreditar que o filho foi executado. “Esses policiais não tiveram consideração com as crianças. O GCM já está solto”, afirmou Waldik Marcelino Chagas, 37. “Que justiça é essa?”, questionou.
Waldik pai é motorista de caminhão e conta que o menino gostava de acompanhá-lo no trabalho. “Ia comprar um caminhãozinho, para ele trabalhar comigo quando fosse maior, e a gente ia viver a nossa vida, mas a GCM não deixou”.
“Ele era meu único filho, meu bem maior. O GCM matou minha criança. Policial tem que proteger o patrimônio, não matar as crianças”, disse o pai, tentando conter as lágrimas.
Na cerimônia, familiares e amigos aplaudiam e se abraçavam. Uma criança gritou: “Ai meu irmão, ai meu Deus. Essas pessoas vão se arrepender do que fizeram para o resto da vida”.