BELA MEGALE SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O advogado Guilherme Gonçalves, que trabalhou para o ex-ministro Paulo Bernardo e em duas campanhas da mulher dele, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), negou em depoimento nesta segunda (27) que tenha beneficiado o petista com pagamentos que recebeu da empresa de tecnologia Consist, que mantinha contratos com o Ministério do Planejamento.

Gonçalves foi um dos alvos da Operação Custo Brasil, que investiga desvios do Planejamento iniciados no período em Paulo Bernardo era o chefe da pasta, em 2010, e que perduraram até 2015, segundo as autoridades. Os investigadores pediram a prisão temporária do advogado por ter fortes indícios de que ele se beneficiou de parte dos R$ 100 milhões desviados do contrato entre a Consist e Ministério do Planejamento.

Segundo o MPF (Ministério Público Federal) e a Polícia Federal, o escritório de Guilherme Gonçalves recebeu mais de R$ 7 milhões por meio do esquema entre 2010 e 2015. O montante, que segundo investigadores seria propina, foi levantado por meio de notas fiscais com pagamentos da Consist ao escritório. Há a suspeita de que parte desse valor foi repassado ao ex-ministro Paulo Bernado, inclusive na forma de pagamentos das despesas pessoais dele, como aluguel de loft e pagamento de salários de empregados.

Questionado sobre o tema nesta segunda, Gonçalves disse que efetivamente prestou serviços à Consist, que era sua cliente. O advogado, que é especialista na área eleitoral, fez as declarações na audiência de custódia, em que autoridades abordam apenas os motivos que o levaram à prisão e que não podem ser usados como produção de prova.

A oitiva aconteceu um dia depois dele ser preso ao chegar de uma viagem internacional. O advogado foi detido no Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (SP), e levado à sede da PF em São Paulo na Lapa, onde permanece detido. O depoimento em que Guilherme Gonçalves detalhará todos os fatos que o envolvem ainda será marcado.

EX-MINISTRO

A defesa do ex-ministro Paulo Bernardo se manifestou sobre as declarações do advogado, afirmando que “O depoimento prestado pelo Sr. Guilherme Gonçalves deixa claro que Paulo Bernardo não se beneficiou de maneira alguma dos valores que foram recebidos da Consist. Ficaram claras a origem dos pagamentos recebidos pelo Sr. Guilherme Gonçalves e o destino por ele dado a esses valores, sem qualquer envolvimento de Paulo Bernardo.” Com base no depoimento, a defesa do ex-ministro questionou as razões da prisão preventiva dele, alegando que “além de ausentes os requisitos técnicos da medida extrema, também não há qualquer indício de autoria com relação a ele”. Ainda segundo à defesa do ex-ministro, o juiz responsável pelo caso, Paulo Bueno de Azevedo, informou que analisará novamente “a justificativa para manter a prisão de Paulo Bernardo”.