EULINA OLIVEIRA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A perspectiva de um ação global para mitigar os efeitos da saída do Reino Unido da União Europeia anima os mercados, após dois dias de fortes quedas. As Bolsas mundiais e o petróleo sobem, e o dólar se enfraquece.
No Brasil, a moeda americana recua mais de 2%, para a casa dos R$ 3,32, renovando as cotações mínimas do ano, e o Ibovespa sobe mais de 1,3%
As declarações do presidente do BCE (Banco Central Europeu), Mario Draghi, contribuem para o bom humor dos investidores.
Draghi afirmou que os bancos centrais em todo o mundo deveriam alinhar suas políticas monetárias para ajudar a impedir “contágios desestabilizadores” entre economias que crescem a diferentes ritmos. “Podemos não precisar de coordenação formal de políticas. Mas podemos nos beneficiar de um alinhamento de políticas”, disse.
“A recuperação das commodities e dos mercados acionários é importante, mas não o suficiente para mudar o cenário [global] de juros baixos e maior probabilidade de estímulo monetário”, comenta a equipe de análise da Lerosa Investimentos, em relatório. “Com isso, ativos emergentes ganham duplamente: melhora geral da percepção de risco e atratividade de suas moedas sem pressão de aumento de juros nos EUA.”
CÂMBIO
A moeda americana à vista perdia há pouco 2,69%, a R$ 3,320, na menor cotação desde 23 de julho do ano passado (R$ 3,288).
O dólar comercial perdia 2,15%, a R$ 3,322, também na mínima desde julho.
Segundo operadores, além dos juros baixos ao redor no mundo, a perspectiva de manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 14,25% ao ano favorece o fluxo de dólares para o país.
O mercado ainda aguarda alguma sinalização se o Banco Central voltará a atuar no mercado de câmbio, por meio de leilões de swap cambial reverso (equivalente à compra da moeda americana pela autoridade monetária).
A libra e o euro também se valorizam frente à moeda americana, com valorizações de 0,98% e 0,21% há pouco, respectivamente.
Entre as principais moedas, apenas o iene e o franco suíço registravam perdas.
JUROS
No mercado de juros futuros, o contrato de DI para janeiro de 2017 subia de 13,650% para 13,795%, após o Relatório Trimestral de Inflação do Banco Central, divulgado nesta manhã, ter descartado um corte da taxa básica de juros, a Selic, no curto prazo.
O BC afirmou que “adotará as medidas necessárias para colocar a inflação na meta de 4,5% em 2017 e que não trabalha com a hipótese de corte de juros neste momento”.
O contrato de DI para janeiro de 2021 recuava de 12,230% para 12,190%, refletindo a queda do dólar e a euforia nos mercados financeiros globais.
O CDS (credit default swap) brasileiro, espécie de seguro contra calote e indicador de percepção de risco, perdia 2,08%, aos 339,878 pontos.
BOLSAS
Depois de ter subido mais de 2% mais cedo nesta sessão, o Ibovespa avançava há pouco 1,34%, aos 49.907,21 pontos. As ações da Petrobras ganhavam mais de 4% e a das Vale, acima de 3%.
No setor financeiro, Itaú Unibanco PN subia 2,10%; Bradesco PN, +1,67%; Banco do Brasil ON, +1,91%; e Santander unit, +0,99%.
Na Europa, a Bolsa de Londres tinha alta de 2,91%; Paris, +2,79%; Frankfurt, +2,24%; Madri, +2,94%; e Milão, +4,01%.
Na Bolsa de Nova York, o S&P 500 ganhava 1,07%; o Dow Jones, +0,87%; e o Nasdaq, +1,55%.
O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, subiu 0,51%, enquanto o índice de Xangai teve alta de 0,59%.
O premiê chinês, Li Keqiang, disse nesta terça-feira que não vai permitir que o pânico que agitou as moedas e os mercados acionários globais após a decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia cause forte turbulência no mercado financeiro do país.