EULINA OLIVEIRA SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Pelo segundo dia consecutivo, os mercados globais reagiram com otimismo às expectativas de uma nova rodada de estímulos monetários pelos bancos centrais para minimizar os efeitos do “Brexit”, ou seja, a saída do Reino Unido da União Europeia. As Bolsas e o petróleo avançaram nesta quarta-feira (29), e o dólar perdeu força frente a outras moedas. O movimento foi reforçado pelas expectativas de manutenção dos juros americanos no curto prazo. A moeda americana teve mais um dia de forte queda ante o real, renovando a cotação mínima em pouco mais de 11 meses. A cotação ficou abaixo de R$ 3,24, no caso do dólar comercial. O dólar à vista fechou na casa dos R$ 3,25. A valorização do real é ainda maior por causa da percepção de investidores que o Banco Central não atuará no câmbio. Nesta terça-feira (28), o presidente do BC, Ilan Goldfajn, reafirmou que o câmbio é flutuante. O Ibovespa subiu quase 2%, impulsionado pelo bom humor global. Os juros futuros terminaram alta, com a sinalização do BC de que a taxa básica de juros (Selic) não deverá sofrer cortes nos próximos meses para combater a inflação. O CDS (credit default swap) brasileiro, indicador de percepção de risco, recuou fortemente. Marcio Cardoso, sócio-diretor da Easynvest, destaca que a liquidez mundial é muito grande, e os juros elevados no país se mantêm como um atrativo para investidores. Ele avalia que há a expectativa de maiores fluxos de recursos para o Brasil no médio prazo, caso o presidente Michel Temer deixe de ser interino, com o eventual afastamento definitivo da presidente Dilma Rousseff no processo de impeachment. “O mercado conta com a melhora do cenário político e a efetivação da atual equipe econômica até 2018 para a condução das reformas e a consequente retomada dos investimentos”, afirma. DÓLAR E JUROS A moeda americana renovou mínima em 11 meses ante o real nesta sessão. O dólar comercial fechou em baixa de 2,05%, a R$ 3,2380, no menor patamar desde 22 de julho do ano passado (R$ 3,2260). O dólar à vista terminou em queda de 1,79%, a R$ 3,2511, valor mais baixo também desde 22 de julho de 2015 (R$ 3,2269). No ranking de principais moedas, o real teve a segunda maior valorização nesta quarta-feira, atrás apenas do rand sul-africano, que subiu 2,12% sobre o dólar. “A nova diretoria do BC se mostra interessada em deixar o câmbio flutuar mais para baixo para ter força no combate à inflação. Quanto mais dificuldade fiscal e mais resistência da inflação em cair, teremos maior chance de dólar abaixo dos R$ 3,20”, escreve a equipe de análise da Lerosa Investimentos, em relatório. A autoridade monetária ainda tem cerca de US$ 60 bilhões de swaps cambiais em estoque, que equivalem à venda futura de dólares. Entre março e maio deste ano, a antiga diretoria do BC aproveitou a queda do dólar para reduzir sua exposição cambial em aproximadamente US$ 48 bilhões, por meio de leilões de swap cambial reverso, que correspondem à compra futura de dólares. No mercado de juros futuros, o contrato de DI para janeiro de 2017 subiu de 13,840% para 13,885%; o contrato de DI para janeiro de 2021 avançou de 12,070% para 12,200%. O CDS (credit default swap) brasileiro, espécie de seguro contra calote e indicador de percepção de risco, recuava 4,11%, aos 320,170 pontos, no menor nível desde agosto do ano passado. BOLSA Ibovespa fechou em alta de 1,99%, aos 51.001,91 pontos. O giro financeiro foi de R$ 7,6 bilhões, maior do que nas últimas sessões. As ações da Petrobras subiam 3,26%, a R$ 9,50 (PN), e 2,84%, a R$ 11,57 (ON), impulsionadas pela alta de 3% do petróleo no mercado internacional. Os papéis da Vale avançaram 2,46%, a R$ 12,87 (PNA), e 1,61%, a R$ 15,71 (ON). No setor financeiro, Itaú Unibanco PN ganhou 2,24%; Bradesco PN, +2,41%; Santander unit, +2,93%; Banco do Brasil ON, +2,86%; e BM&FBovespa ON, +0,29%. Fora do índice, as ações da companhia aérea Gol perderam 7,33%, a R$ 3,41. Diante da resistência dos senadores em ampliar para 100% a participação de capital estrangeiro nas empresas aéreas brasileiras, o governo se comprometeu a vetar a ampliação para que o Senado aprove ainda nesta quarta (29) a medida provisória que trata deste assunto. EXTERIOR Na Bolsa de Nova York, o índice S&P 500 fechou com ganho de 1,70%; o Dow Jones, +1,64%; e Nasdaq, +1,86%. Na Europa, a Bolsa de Londres ganhou 3,58%, para 6.360 pontos, retomando o patamar pré-“Brexit”. A Bolsa de Paris ganhou 2,60%; Frankfurt, +1,75%; Madri, +3,45%; e Milão, +2,21%. Na Ásia, o índice chinês CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, subiu 0,48%, enquanto o índice de Xangai teve alta de 0,69%. No Japão, o índice Nikkei da Bolsa de Tóquio avançou 1,59%, a 15.566 pontos. No mercado de câmbio, a libra avançou 1,07% ante o dólar e o euro, +0,41%.