FERNANDA PERRIN
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ministro Henrique Meirelles (Fazenda) disse não estar preocupado se continuará no cargo caso a presidente afastada, Dilma Rousseff, seja inocentada pelo Senado e retorne ao Planalto.
“Não estou preocupado com quanto tempo vou ficar sentado nessa cadeira”, afirmou o ministro na premiação Melhores & Maiores, da revista “Exame”, na noite desta quarta (29) em São Paulo. “Minha preocupação é que o Brasil cresça de modo sustentável.”
Ele disse ser perguntado com frequência sobre sua situação à frente do ministério, em razão da instabilidade política.
Diante de uma plateia de empresários das maiores organizações com atuação no país, o ministro defendeu a proposta de emenda constitucional que limita o aumento dos gastos federais à variação da inflação por 20 anos.
De acordo com o projeto, o teto valeria pelos primeiros dez anos, prazo no qual poderia ser revisto. A PEC foi entregue ao Congresso pelo presidente interino, Michel Temer, em 15 de junho.
Atualmente, gastos sociais são estabelecidos pela Constituição, o que limita a liberdade do governo de manejar as despesas. Essa situação coloca o Estado hoje em uma “luta de curto prazo” entre cortes e expansões “que estamos perdendo”, disse o Meirelles.
Para o ministro, o aumento da despesa pública nos últimos anos é o problema mais urgente do país. “O que gerou a queda de confiança do mercado na economia foi a consciência da insustentabilidade do crescimento da despesa e da dívida pública”, afirmou.
Ele enfatizou como a melhora da confiança, segundo pesquisa divulgada pela FGV nesta terça (28), é um sinal de que a economia começa a se estabilizar e retomar o crescimento. O Índice de Confiança da Indústria apresentou melhora de 4,2 pontos, chegando a 83,4 pontos, patamar mais alto do indicador desde fevereiro de 2015.
Diante do resultado, o ministro se disse otimista e afirmou que, “mesmo que tenhamos uma queda de atividade econômica aqui e ali”, o importante é que o pacote de medidas do governo seja aprovado.
Os ministros Gilberto Kassab (Comunicações), Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) e o senador Romero Jucá (PMDB-RR) também estavam presentes no evento, mas não discursaram.