DIMMI AMORA E MACHADO DA COSTA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A venda de participação acionária em duas concessões de transportes e o lançamento de debêntures anunciado nesta quinta-feira (30) pela Odebrecht Transport, subsidiária de concessões de transporte do grupo Odebrecht, tenta destravar empréstimos de longo prazo estimados em R$ 10 bilhões para obras previstas nos próximos cinco anos.
Segundo o presidente da companhia, Paulo Cesena, os R$ 625 milhões captados com as duas operações (R$ 350 milhões em debêntures e R$ 275 milhões com a venda de participação em uma concessão de BRT no Rio e outra da ViaQuatro do Metrô de São Paulo) vão ajudar na reestruturação financeira do grupo que ainda opera 17 concessões no país, entre elas o Aeroporto do Galeão (RJ), a Linha 6-Laranja (SP) e a BR-163 (MT).
O grupo pediu financiamento de longo prazo para essas concessões. Mas o BNDES não liberou esses empréstimos, o que estava previsto para ocorrer até o ano passado.
O Banco não anuncia oficialmente os motivos para não ter realizado a operação, mas a participação do grupo nos crimes de cartel e corrupção descoberto pela Operação Lava Jato são apontados como o principal motivo para o empréstimo não ter sido aprovado.
Segundo Cesena, a Odebrecht Transport não foi denunciada na operação.
EMPREGOS
O presidente do grupo disse que os empréstimos de longo prazo são a única forma de manter os investimentos nessas grandes obras, que estão sendo tocadas com capital próprio da empresa (reforçado agora com essas operações) e empréstimos de curto prazo, que têm juros mais elevados. A continuação das obras no cronograma pode gerar, segundo ele, 15 mil empregos nos próximos anos.
“As obras estão dentro do cronograma. Mas, com recursos próprios e empréstimos-ponte, mas não se faz metrô”, disse Cesena ressaltando que confia que os empréstimos de longo prazo serão liberados após essa reestruturação do grupo.
A liberação dos financiamentos de longo prazo, na opinião de Cesena, também serve de sinalização para os investidores interessados em fazer negócios no Brasil. No Metrô e no Galeão, a Odebrecht Transport é sócia de empresas internacionais.
A avaliação do atual governo é que é necessário resolver os problemas nas concessões realizadas na gestão anterior, mas sem uma interferência que sinalize ajuda a empresas que apresentaram propostas irreais, tornando o financiamento inviável.
“O programa de concessão lançado não vai completar seu ciclo se o financiamento não sair. Os investidores internacionais estão acompanhado o desenrolar dessas concessões para confiar que podem fazer investimentos e trazer sucesso na próxima rodada”, disse Cesena.
Na avaliação dele, o atual governo vem passando uma mensagem positiva em relação a mudanças que pretende fazer nessas concessões, mas que é necessário que sejam apresentadas as condições reais para cada projeto.
“Ainda está preliminar, mas a mensagem é positiva”, afirmou Cesena.