SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Dois policiais militares envolvidos na ocorrência da última segunda-feira (27) que terminou com a morte do universitário Julio César Alves Espinosa, 24, foram presos de forma administrativa por cinco dias, segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo.
O jovem foi morto com um tiro na cabeça após perseguição policial envolvendo PMs e guardas-civis de São Caetano do Sul (Grande SP) na zona leste da capital paulista. O carro dele foi atingido por 16 tiros -nove partiram dos policiais. Ele chegou a ser levado ao Hospital Estadual da Vila Alpina, mas não resistiu.
O caso é investigado pelo DHPP (Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa), da Polícia Civil, e pela Corregedoria da PM. Desde terça (28), os policiais já estavam afastados de suas funções.
A perseguição, de acordo com relato policial, começou após o rapaz ter desobedecido uma ordem de parada, por volta das 3h. Familiares dizem que o jovem pode ter ficado com medo de ter o carro apreendido, já que o veículo era usado por todos na casa -o Gol tinha R$ 459 em multas vencidas. Ele já teria fugido da polícia em uma outra ocasião, dizem amigos.
PMs dizem que o rapaz foi atingido após disparar em ao menos três momentos da fuga.
MUDANÇA EM CENA DO CRIME
Testemunhas afirmaram à Corregedoria da PM e à Polícia Civil que viram policiais militares colocando o revólver calibre 38 no carro usado pelo jovem da região disseram que após o jovem ser baleado na cabeça, dois policiais entraram no Gol prata que ele dirigia e forjaram um disparo no para-brisa com a arma, levada por agentes que chegaram depois à cena do crime.
A informação foi incluída no inquérito que apura o caso, e o revólver, com a numeração visível, ainda era rastreado pela Polícia Civil até a noite desta quarta (29).
Os dez PMs e quatro guardas-civis de São Caetano do Sul (Grande SP) envolvidos no caso disseram que Espinoza atirou contra eles ao fugir em alta velocidade para escapar de abordagem. Familiares dizem que ele voltava de um bico como garçom e fugiu com medo de ter o carro apreendido por dever multas.
No boletim de ocorrência, PMs dizem ter dado oito tiros em direção ao carro. E os guardas-civis, sete. A perícia detectou 16 perfurações na lataria do veículo e pneus -há um disparo no para-brisa, segundo a perícia feito de dentro do Gol para fora.
A Corregedoria detectou em avaliação inicial que o relato deles tem falhas, como a falta de precisão ao informar de fato quantos tiros supostamente foram dados por Espinoza durante a perseguição, quais os horários e os locais.
Além disso, será apurada a conduta dos policiais, que informaram ao centro de operações da corporação sobre a troca de tiros somente dez minutos depois do início do suposto tiroteio, quando dois carros da polícia teriam se chocado. Nesse momento, o universitário teria fugido pela contramão na avenida do Estado, na zona leste, enquanto atirava.