EULINA OLIVEIRA SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As expectativas de que os bancos centrais vão aumentar os estímulos monetários para minimizar os efeitos do “Brexit”, ou seja, a saída do Reino Unido da União Europeia, animou os investidores pela quarta sessão seguida. As Bolsas globais subiram nesta sexta-feira (1), e o dólar caiu frente às principais moedas, exceto o real.

Depois de uma pausa de mais de 40 dias, o Banco Central voltou a atuar no mercado de câmbio, com o leilão de 10.000 contratos de swap cambial reverso, no montante total de US$ 500 milhões. A operação, realizada na manhã desta sexta-feira, equivale à compra futura de dólares pela autoridade monetária.

O dólar comercial encerrou a sessão com ganho de 0,59%, a R$ 3,2330; na máxima, chegou a R$ 3,2490. Na semana, porém, acumulou queda de 4,35%. A moeda americana à vista terminou o pregão em alta de 1,27%, para R$ 3,2254, depois de fechar na casa dos R$ 3,18 nesta quinta-feira (30). Na máxima do pregão, chegou a R$ 3,25. Nesta semana, o dólar à vista perdeu 4,82% frente ao real.

Com o novo leilão de swap cambial reverso, o estoque de swaps cambiais tradicionais do BC, equivalentes à venda futura da moeda americana, caiu para US$ 61,635 bilhões. O presidente do BC, Ilan Golfajn, afirmou, em entrevista ao serviço de informações em tempo real Valor PRO, que há uma conjuntura de fatores internacionais e domésticos que estão permitindo o desmonte de swaps cambiais tradicionais. Goldfajn disse ainda que trabalha com dois objetivos: manter o câmbio flutuante e reduzir o estoque de swaps.

Segundo analistas, o montante de swap cambial reverso leiloado nesta sexta-feira foi pequeno, insuficiente para reverter a tendência de queda do dólar no curto prazo. Essa tendência se deve ao cenário externo favorável, reforçado pelas apostas de manutenção dos juros americanos nos próximos meses. As altas taxas de juros praticadas no Brasil e a perspectiva de melhora da economia local são outros fatores que atraem capital externo ao Brasil, em um momento em que a liquidez mundial está alta.

Para a equipe de análise da corretora H.Commcor, a atuação da autoridade monetária nesta sexta-feira não foi para defender um piso para o dólar. “Foi apenas para cumprir o que Ilan tem sinalizado quanto ao desmonte gradual da exposição cambial -sem ferir o conceito de câmbio flutuante-, bem como o natural controle de excessos no mercado”, escrevem os analistas. “Agora, o mercado pode projetar que esse será um novo piso informal da taxa de câmbio -algo que não está claro, dada a defesa ao câmbio flutuante que o atual presidente da instituição tem feito em discursos recentes”, destaca a equipe da Guide Investimentos, em relatório. Analistas destacam que os juros futuros são influenciados pela decisão do CMN (Conselho Monetário Nacional) da véspera, de manter a meta de inflação em 4,50% para 2018. Havia especulações de que essa meta poderia ser reduzida.

Analistas comentam que a manutenção da meta de inflação pressionou os juros futuros de curto prazo para baixo. Se a meta tivesse sido reduzida, sinalizaria que a taxa básica de juros (Selic) poderia demorar mais para cair. O contrato de DI para janeiro de 2021 subiu de 12,150% para 12,200%, refletindo a alta do dólar. O CDS (credit default swap) brasileiro, espécie de seguro contra calote e indicador de percepção de risco, perdia 0,89%, aos 314,156 pontos.

BOLSA

O Ibovespa subiu mais de 1% pela quarta sessão consecutiva, impulsionado pelo cenário mais favorável para mercados emergentes. O índice fechou em alta de 1,37%, aos 52.233,04 pontos. O giro financeiro foi de R$ 7,3 bilhões. Na semana, o Ibovespa ganhou 4,25%. No ano, avança 20,49%. As ações da Petrobras subiram 4,24%, a R$ 9,82 (PN), e 4,77%, a R$ 12,06 (ON), ajudadas pela alta dos preços do petróleo. Os papéis da Vale avançaram 1,61%, a R$ 13,24 (PNA), e 2,15%, a R$ 16,62 (ON), apesar do recuo do minério de ferro na China. No setor financeiro, Itaú Unibanco PN ganhou 2,08%; Bradesco PN, +1,74%; Banco do Brasil ON, -0,75%; Santander unit, +0,82%; e BM&FBovespa ON, -0,55%. As ações ordinárias da JBS recuaram 5%, a R$ 9,50. A Polícia Federal deflagrou mais uma etapa da Operação Lava Jato na manhã desta sexta-feira (1º), batizada de Sépsis, que tem como um de seus alvos a Eldorado Celulose, uma empresa do grupo J&F -holding da JBS, dona da Friboi. A PF realizou buscas na sede do grupo e na casa de seu dono, Joesley Batista, em São Paulo. A JBS não é alvo da operação. As ações ON da Estácio avançaram 1,47%, a R 17,21, e as ON da Kroton subiram 5,00%, a R$ 14,28. A Kroton aumentou sua oferta e o conselho de administração da Estácio aceitou os novos termos para ser adquirida pela rival direta, informaram as companhias de educação superior privada nesta sexta-feira. A operação é avaliada em cerca de R$ 5,5 bilhões. EXTERIOR Na Bolsa de Nova York, o índice Dow Jones subiu 0,11%; o S&P 500, +0,19%; e o Nasdaq, +0,41%. Na Europa, as Bolsas fecharam no campo positivo: Londres (+1,13%); Paris (+0,86%); Frankfurt (+0,99%); Madri (+1,29%); e Milão (+0,61%). As Bolsas chinesas tiveram leve alta nesta sexta-feira. Em Tóquio, o índice Nikkei avançou 0,68%.