LUIZA FRANCO, ENVIADA ESPECIAL
PARATY, RJ (FOLHAPRESS) – Para a psicóloga e colunista da Folha de S.Paulo Rosely Sayão, as pessoas têm tido filhos “como um objeto de consumo”. “Temos e depois não sabemos o que fazer”, provocou ela em conversa com o crítico da Folha de S.Paulo André Barcinski e com a plateia que a assistia na Casa Folha nesta sexta (1º).
A ocasião era o lançamento do seu novo livro, “Educação Sem Blá-Blá-Blá” (Três Estrelas, selo editorial do Grupo Folha), coletânea de suas colunas no jornal, nas quais comenta assuntos ligados a família e educação. “Meus amigos dizem que sou voyeur da vida pública”, brincou.
Sayão disse que às vezes teme que sua coluna seja repetitiva, mas ao longo dos anos observou que, por mais que o tempo passe e a cultura mude, os problemas de família e de educação se mantêm os mesmos.
“Os fenômenos se repetem mesmo num país tão diverso quanto o nosso. Isso é porque alguns problemas não têm solução”, disse a colunista.
Porém, ela acredita que a família mude com o passar do tempo. “Como dizia Freud, não haveria família se não houvesse sociedade. Ela tem mudado com as transformações sociais.”
Disse, por exemplo, que os leitores de hoje em dia a procuram para resolver seus problemas. Buscam soluções mágicas.
“Nunca fui tão interpelada para dar uma maneira de agir [ao leitor]. Vejo esse fenômeno dentro do contexto da ‘medicalização’ da vida. Tenho um problema, tomo um remedinho.”
O “blá-blá-blá” de que fala o livro, contou, são os bordões que repetimos no dia a dia sobre educação e que, para ela, não fazem sentido algum.
“Por exemplo: ‘Criança precisa de limites’. Nunca vi geração tão limitada quanto esta! Precisam de menos limites, e não mais. Outro: ‘A família precisa acompanhar a vida escolar do filho’. Não há nada mais antidemocrático. O que fazemos com quem não pode ou não sabe? Vamos dividir alunos entre os com sorte e os sem. Uma educadora italiana diz que a escola é primeira batalha que as crianças têm que enfrentar sozinhas, sem os pais. Eu concordo totalmente.”