SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Homens armados mantiveram por mais de dez horas pelo menos 20 reféns dentro de um restaurante frequentado por estrangeiros em Dacca, capital de Bangladesh. O ataque foi reivindicado pela facção terrorista Estado Islâmico (EI).
Até as 23h50 de Brasília, o número total de mortos não tinha sido confirmado: a polícia anunciou apenas que dois de seus agentes morreram no ataque e que haveria pelo menos 26 feridos -um deles civil.
Por volta das 7h40 deste sábado (22h40 de sexta em Brasília), forças de segurança invadiram o restaurante para tentar libertar os reféns e houve intensa troca de tiros. O sequestro havia começado por volta das 21h20 locais (12h20 de Brasília).
Antes da ação da polícia, a Amaq News, um dos braços de mídia do EI, afirmara que 24 pessoas teriam morrido na ação. Horas depois, divulgou fotos de corpos em um chão coberto de sangue como sendo os das vítimas do ataque. Não foi possível confirmar a autenticidade da imagem.
Entre os reféns do restaurante Holey Artisan -que fica na região de Gulshan, onde se concentram as embaixadas na cidade-, estavam sete italianos e cidadãos de Índia, Japão e Argentina. Havia pelo menos um casal com duas crianças.
“Nossa prioridade é salvar as vidas das pessoas presas lá dentro”, afirmou o diretor da força de elite Batalhão de Ação Rápida, Benazir Ahmed, em meio à ação. “Queremos resolver isso de forma pacífica. Estamos tentando conversar com os autores do ataque, queremos saber o que eles querem.”
Segundo as autoridades, contudo, depois de horas de tentativa, não houve resposta por parte dos sequestradores.
Sumon Reza, um funcionário que trabalhava na cozinha do restaurante e está entre as cerca de dez pessoas que conseguiram escapar, disse que pelo menos 35 pessoas -entre funcionários e clientes- permaneceram sob a mira de pelo menos nove pessoas armadas.
De acordo com Ahmed, os autores do ataque teriam gritado “Allah Akbar” (Deus é maior) ao entrar no restaurante na noite de sexta.
Os dois agentes de segurança morreram numa primeira troca de tiros com os sequestradores, que também teriam lançado explosivos contra as forças policiais.
ATAQUES
Mais de 90% da população de Bangladesh é muçulmana -a grande maioria dela, sunita. Recentemente, o país tem visto um aumento da violência militante.
Desde 2013, cerca de 20 pessoas, entre escritores ateus, membros de minorias religiosas, ativistas e estrangeiros foram mortos em ataques, a maior parte deles com a utilização de machetes. Nos últimos meses, as ações se intensificaram.
Os ataques despertaram o medo de que extremistas religiosos estariam ganhando espaço no país, apesar de sua tradição de tolerância.
O EI e grupos afiliados à Al-Qaeda reivindicaram parte das ações terroristas, mas o governo do primeiro-ministro Sheikh Hasina nega que essas facções estejam presentes no país.
Hasina tem combatido os radicais islâmicos dentro do país. Ele acusa os terroristas locais e partidos de oposição -especialmente o Partido Nacionalista e seu aliado islâmico Jamaat-e-Islami- de orquestrar os atos de violência para desestabilizar a nação.