SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O pré-candidato a prefeito de São Paulo Andrea Matarazzo (PSDB) elogiou a implantação de ciclovias, a redução da velocidade em vias e o fechamento da avenida Paulista para carros aos domingos, bandeiras da gestão de Fernando Haddad (PT), que tenta a reeleição.
Em sabatina à Folha de S.Paulo, UOL e SBT, nesta segunda-feira (18), o vereador disparou críticas e ironias contra o adversário do PSDB, João Doria, a quem acusou de ser inexperiente na administração pública, cometer abuso de poder econômico nas prévias partidárias e insinuou não ter o DNA tucano.
Em sétimo lugar na eleição paulistana, com 3% das intenções de voto, segundo pesquisa Datafolha, Matarazzo disse que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), fiador da campanha de Doria, não foi transparente no processo das prévias partidárias.
Antes do segundo turno das eleições internas, Matarazzo anunciou sua saída do partido onde estava havia 25 anos para se lançar pré-candidato pelo PSD. Doria é acusado de ter feito propaganda irregular, compra de votos e transporte de eleitor. O tucano nega.
“Óbvio que não fiquei satisfeito” com a postura de Alckmin, afirmou o vereador. “A clareza simplifica as relações. Era só ter me avisado: ‘eu não deixarei você ser candidato’. Eu perguntei a ele várias vezes”, reclamou.
Questionado pelos jornalistas Fernando Canzian, da Folha, Luís Indriunas, do UOL, e Kennedy Alencar, do SBT, sobre a disputa entre dois políticos com vínculos com o PSDB, Matarazzo disse que “não são dois tucanos. Eu sou tucano, claro, fiquei 25 anos no partido. Tucano é estado de espírito”.
“Política não é showbusiness, não é lugar para aprendiz”, disse, cutucando Doria, apresentador de TV de programas como “O Aprendiz”.
Ele acusou o PSDB de repetir em SP o uso da máquina que critica na gestão federal petista. “Partido A fica com um pedaço aqui, o partido B fica com outro pedaço ali”, criticou em menção à negociação de cargos no governo Alckmin em troca de apoio de partidos à campanha de Doria.
À reportagem, após a sabatina, o pré-candidato disse que Doria é um “neotucano. Saiu do PSDB quando fez a campanha do [presidente cassado Fernando] Collor e voltou agora, três anos atrás. De que campanhas participou? Que derrotas ele teve pelo PSDB? Que batalhas travou com o PSDB? Nenhuma.”
Na campanha presidencial de 1989, Doria chegou a apoiar Mario Covas (PSDB), mas ao final apoiou Collor, que se sairia vitorioso.
O pré-candidato do PSD disse que não tentará abocanhar votos do eleitorado identificado com seu ex-partido. “Vou atrás do eleitorado que gostar do meu projeto.”
Segundo o Datafolha, Celso Russomano (PRB) lidera a disputa com 25% das intenções de voto, seguido por Marta Suplicy (PMDB), com 16%, depois Luiza Erunidna (PSOL), com 10%, Fernando Haddad (PT), com 8%, Doria com 6%, Marco Feliciano (PSC), com 4%, e Matarazzo com 3%.
GESTÃO MUNICIPAL
Quando perguntado se manteria as ciclovias implantadas por Haddad caso eleito, Matarazzo respondeu afirmativamente e criticou quem desmancha política de gestões anteriores porque “não foi você que fez”.
“Ciclovia não tem dono, é um direito e conquista da cidade”, afirmou. O vereador defendeu melhoras na segurança e um planejamento de ampliação na periferia, especialmente em regiões planas como São Miguel Paulista.
A exclusividade da Paulista para pedestres aos domingos tem a aprovação da população, argumentou, e por isso não há razão para mudar.
“Mas é reducionista discutir só essa medidas, com problemas gravíssimos na cidade, a começar por lazer na periferia”, ponderou.
O pré-candidato se disse a favor de ampliar o horário de funcionamento dos CEUs, a abertura de escolas com ginásios esportivos aos finais de semana e a criação de parques em regiões afastadas do centro expandido.
Ele disse que a redução da velocidade nas vias da capital foi “uma boa medida”, mas deixou em aberto a possibilidade de recuar em relação às marginais e Jacu Pêssego. “Tem que reestudar”, apontou.
Matarazzo atacou o abandono pelo poder público de regiões periféricas de São Paulo, que estão “estacionadas no século 19”, a despeito de responderem em conjunto por 51% da população paulistana.
Ele citou o Jardim Keralux, na zona leste, onde as ruas não estão pavimentadas, e o Jardim Peri Alto, na zona norte, “onde você vê coisas que não vê nem na periferia de Salvador”.
Matarazzo negou ter problemas em ser associado à elite -“a imigrante, não a elite tradicional, porque não é o caso”. “Tenho muito orgulho da minha origem, não tenho esse problema de estigma”, afirmou. “Aliás, acharia fantástico todos terem a oportunidade que eu tenho. Temos que batalhar para nivelar a desigualdade na cidade.”