GISLAINE GUTIERREZ SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O jornal “The New York Times” já classificou o violoncelista holandês Pieter Wispelwey como um instrumentista “profundamente comunicativo”. Esta é só uma das credenciais que fazem do músico uma das principais atrações do 47º Festival de Inverno de Campos do Jordão, cuja programação desta vez coloca em destaque o violoncelo. Wispelwey subirá nesta quinta (21), às 20h30, ao palco de uma Sala São Paulo já com seus assentos quase todos tomados com antecedência para tocar todas as seis suítes para violoncelo de Bach (1685-1750). Não seria exagero dizer que o repertório é uma especialidade sua. O holandês já gravou três vezes essas obras: uma aos 28 anos, outra aos 36, e a mais recente em 2011, quando voltou às mesmas partituras para celebrar seus 50 anos de idade, num registo da Evil Penguin Records. “Fazer música é como comer e beber, a gente sempre sente fome e sede novamente”, diz Wispelwey sobre ter voltado às seis suítes de Bach pela terceira vez. Para ele, o músico sempre encontra novas formas de interpretar. No caso dessas suítes, criando vozes que falam com mais ou menos urgência, elegância, dor ou ironia. “Em resumo, é sempre uma aventura”. Numa autoanálise, Wispelwey diz que considera sua primeira gravação das suítes de Bach bastante rigorosa. “A segunda é mais melodiosa e a terceira, espero, tem mais personalidade”, diz. Mas a nenhuma delas o violoncelista vai se apegar a partir do momento em que movimentar seu arco no palco da Sala São Paulo. “Deve haver espaço para a espontaneidade”, diz. “Amanhã [hoje], eu vou tocar no meu violoncelo Guadagnini de 1760 em um grande espaço. Isso por si só já é uma inspiração para dar dimensões e dinâmicas para a música diferentes do som do violoncelo barroco. Ao mesmo tempo, nada será muito diferente, nem mesmo a articulação”, diz. “O fato é que estarei pronto novas abordagens da música, e isso, de algum modo, será único. Isso nunca vai acontecer de novo exatamente do jeito que acontecerá nesta quinta, 21 de julho, na Sala São Paulo. O mesmo vale para a mentalidade de todos os ouvintes que estarão ali.” Wispelwey também vai tocar Saint-Saëns na Sala São Paulo, mas na próxima semana, quinta (28) e sexta (29), às 21h, domingo (31), às 16h. Ele será o solista da Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) regida por Giancarlo Guerrero. Além dos concertos 1 e 2 para violoncelo de Saint-Saëns (1835-1921), serão tocadas a “Sinfonia nº 96 em Ré Maior – O Milagre”, de Haydn (1732-1809), e “Variações Sobre um Tema de Haydn”, de Brahms (1833-1897). Os ingressos custarão de R$ 42 a R$ 194. “Os dois concertos de Saint-Saëns são fascinantes”, diz Wispelwey. O violoncelista diz que o primeiro, que o compositor criou aos 38 anos, “é uma peça perfeitamente estruturada, com um grande equilíbrio entre o energético, o lírico, o elegante e o emocional”. O segundo, criado quando o compositor tinha 67 anos, é “mais raro de ser tocado, mas tem elementos espetaculares”. “O primeiro e o último movimento são surpreendentemente curtos, mas o lento parece ter todo o tempo do mundo”, diz. “Ele tem só 20 minutos, mas muito a dizer.” Wispelwey começou a se interessar pela música ainda criança, vendo o pai, um violinista amador, tocar com os amigos quase toda semana em seu quarteto de cordas. “Eu ficava hipnotizado por aquela música e, principalmente, pelo violoncelo. Eu nunca mais me recuperei.” FESTIVAL DE INVERNO DE CAMPOS DO JORDÃO – PIETER WISPELWEY QUANDO Qui. (21), às 20h30 ONDE Sala São Paulo, praça Júlio Prestes, 16, tel. (11) 3367-9500 QUANTO R$ 22 CLASSIFICAÇÃO 7 anos