Viver numa cidade como Curitiba não é uma tarefa fácil. E se você é daqueles que sai cedo e volta tarde para casa, a missão fica ainda mais complicada — a não ser que você consiga carregar um guarda-roupas para onde for. No começo da manhã, frio. Ao entardecer, calor seguido por pancadas de chuva e um belo arco-íris. Ao anoitecer, quiçá mais água e um vento gelado. Em síntese, as quatro estações num só dia, num põe casaco, tira casaco sem fim.

Mas em dias de incerteza climática, para nossa alegria, não são só os meteorologistas que podem dar as respostas que tanto procuramos. É que a sabedoria popular, constituída e sedimentada ao longo dos séculos, também pode ser muito útil àqueles que buscam decifrar o clima.

Nem tudo o que se diz é verdade, há que se ressaltar. Muitas dessas crenças populares não são mais que mitos. Outras, porém, a ciência tratou de explicar e comprovar a eficácia. Aquela história da dorzinha aqui e ali significar que vem chuva, por exemplo, tem cabimento. É que essas dores no corpo estão relacionadas à pressão atmosférica, ou seja, se a pessoa já tiver quebrado algum membro, é possível que a pressão atmosférica atue sobre esse membro.

E se há um saber essencial ao curitibano, certamente é conseguir prever se virá chuva ou não. E olhar para o céu pode ajudar a descobrir se realmente irá vir água ou não. É que as nuvens, quando estão escuras e carregadas, indicam que a chuva está próxima. Já se elas formarem riscos no céu ou então parecerem couves-flores bem grandes, é possível indicar que o tempo deve ficar bom. Já para avaliar se o dia seguinte será de frio, pode se observar se há nuvens fofas ou baixas formando uma espécie de véu brilhante no céu.

 

Sabedoria popular sobre a chuva

Andorinha voando baixo
Quando aumenta a umidade do ar, insetos como cupins e formigas saem de suas tocas para acasalar e depois aproveitar para escavar ninhos na terra molhada. Com os insetos fora de casa, porém, as andorinhas (e outras aves) voam mais baixo e aproveitam para garantir a refeição

Gado deitado no pasto
Assim como os pássaros, o gado parece ser sensível às mudanças de pressão. A queda na pressão parece causar desconforto em animais, o que faz com que o gado procure deitar em lugares abrigados da chuva que pode estar por vir

O peixe salta antes da tempestade
Peixes nadando próximo à superfície pode também ser sinal de chuva, pois com ela aumenta a oxigenação da água e também pode ocorrer queda de insetos

Cabelo escorrido
Se o seu cabelo está mais escorrido que o normal, pode ser sinal de chuva vindo, especialmente no verão. É que quando faz calor e o ar está úmido os fios de cabelo tendem a ficar mais pesados

Sal molhado
O sal absorve água com facilidade. Assim, pode ajudar a descobrir se vem chuva. Para isso, basta ir até a cozinha e prestar atenção ao sal em dias diferentes. Se ele parece molhado, absorveu a umidade do ar e deve vir chuva ou frente fria

 

Mitos e verdades da meteorologia popular

Noite clara, geada ao amanhecer?
VERDADE! Durante a noite a superfície da terra esfria devido à ausência do sol e perde o calor para o ambiente. Se tivesse nuvens, elas funcionariam como uma estufa. Mas, em noites de muito frio, se o céu estiver limpo, e soprar um vento fraco e úmido, é certo que ocorrerá geada ou nevoeiro

Olho do furacão é a pior parte?
MITO! Acredite: há paz no olho do furacão. Em meio às intensas chuvas e ventos, o olho do furacão é uma região de intensa calmaria, praticamente sem nuvens e ventos bastante brandos. Ao redor do olho, sim, existem diversas nuvens de chuva, raios e ventos com mais de 300km/h

Um raio nunca cai duas vezes no mesmo lugar?
MITO! A queda de um raio está associada ao terreno, intensidade da nuvem e sua distribuição de cargas positivas e negativas. Um exemploé o Empire State Building, em Nova York (EUA), que é atingido, em média, por 25 raios a cada ano

Névoa na baixa, sol que racha. Névoa na serra, chuva que berra. 
VERDADE! Quanto à primeira parte, quando a névoa desaparece, o sol aparece e há insolação plena. Já quanto ao névoa na serra, explica-se pela localidade motanhosa e de elevadas altitudes das serras, que acabam por gerar chuvas intensas