FERNANDA PERRIN SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os financiamentos imobiliários concedidos com recursos da poupança no primeiro semestre do ano somaram R$ 22,6 bilhões, volume 49,5% menor do que o registrado no mesmo período do ano passado. Já os financiamentos com base em recursos do FGTS, voltados para habitação popular, estão entre os níveis mais altos da história. Entre janeiro e junho, foram de R$ 27,6 bilhões em financiamentos, alta de 1,3% em relação ao primeiro semestre de 2015, de acordo com dados da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança). “Apesar da crise, a boa notícia é que o mercado está mudando o mix de imóveis. Estamos produzindo mais habitação popular e menos com perfil de classe média, de custo mais alto”, afirma Gilberto Duarte de Abreu Filho, presidente da Abecip. Entre janeiro e junho, foram financiados 445 mil imóveis, sendo 344 mil com recursos do FGTS e 101 mil com recursos da poupança. A retração no sistema SBPE, que usa recursos da poupança, reflete a escassez de dinheiro na aplicação, cujos saques têm superado os depósitos nos últimos meses. No semestre, a poupança perdeu R$ 34,7 bilhões. Para Abreu Filho, esse cenário deve continuar enquanto a taxa básica de juros permanecer em 14,25%, uma vez que torna os rendimentos da poupança menos atraentes frente a outras aplicações. Por isso, o mercado está trabalhando com outras fontes de recursos como LCI (letras de crédito imobiliário), que somaram R$ 189 bilhões no semestre. A Abecip também trabalha para regulamentar uma nova fonte de recursos que possibilitaria a entrada de investidores estrangeiros no mercado, chamada letra imobiliária garantida (LIG). Em geral, o desempenho no semestre foi pior do que o setor esperava, afirma Abreu Filho. “Não imaginamos que o primeiro semestre seria tão duro como foi”, disse. Apesar dos números ruins, a entidade avalia que o mercado está se recuperando, com a melhora nos índices de confiança e queda do risco-Brasil. Mesmo com a Selic em um patamar considerado o alto, o mercado já projeta uma queda nas taxas de juros no longo prazo, que impactam diretamente os financiamentos no setor imobiliário. “No longo prazo, o dinheiro está ficando mais barato e isso é bom, o que significa que os bancos podem emprestar mais de modo mais barato e torna os imóveis acessíveis para mais pessoas, gerando um novo ciclo de crescimento”, diz Abreu Filho. Em junho, houve aumento de 9,5% dos financiamentos imobiliários concedidos com base em recursos da poupança em relação a maio. No mês, foram R$ 4,3 bilhões destinados a compra e construção de novos imóveis. Os níveis de inadimplência continuam baixos, na visão do mercado. No semestre, a taxa foi de pessoas com mais de três parcelas em atraso foi de 1,8%, o que mostra que o consumidor procura regularizar sua situação com urgência para não perder o imóvel, avalia o presidente da Abecip.