MARCEL MERGUIZO E MARIANA LAJOLO, ENVIADOS ESPECIAIS RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A delegação russa chegou ao Rio. Sem saber exatamente quem poderia ou não continuar na cidade para disputar os Jogos Olímpicos. Depois de ter a delegação do atletismo banida, a Rússia esperava as posições de dez federações internacionais que ainda não haviam anunciado se puniriam ou não os atletas do país por conta de doping.

No desembarque no Galeão, havia cerca de 50 russos para receber os atletas com bandeiras e faixas. Uma delas dizia: “Tentaram nos tirar, mas vencemos”, em russo. Os esportistas não deram entrevista. Novas punições podem abrir vagas para novos atletas entrarem na competição. A Austrália, por exemplo, esperava ainda emplacar sua equipe feminina de ginástica artística, quinta no classificatório -havia quatro vagas. “A gente esperava vaga no judô, mas os russos foram liberados”, afirmou a chefe de missão, Kitty Chiller. “Temos a chance de emplacar a equipe de ginástica, o que seria fantástico. Elas já estão de sobreaviso, estamos correndo para confeccionar os colants, o que não é fácil. Mas estaremos prontos para quando anunciarem”, completou.

A dirigente se mostrou preocupada com questões logísticas caso a equipe aumente, como a necessidade de mais quartos, carro e assistentes. O Comitê da Rio-2016 afirmou que não haverá problemas para remanejar vagas e aumentar o auxílio para algumas delegações, se necessário. Os australianos já haviam herdado uma vaga russa no remo, no barco oito com feminino. Outros países ainda podem ter sua delegação aumentada.

O COB (Comitê Olímpico do Brasil) disse, por e-mail, que “até o momento não houve nenhuma indicação por parte das federações internacionais sobre aumento de vagas [para o país] por causa da ausência da Rússia.” A Rússia perdeu 68 competidores da equipe de atletismo por causa de uma punição dada pela Iaaf, a entidade que controla a modalidade. O atletismo do país estava envolvido em um escândalo de uso sistemático de doping.

Doping na Russia

Um novo caso, no entanto, quase levou à exclusão total dos russos dos Jogos. Uma investigação mostrou que o país, com envolvimento da polícia, adulterou exames antidoping feitos durante a Olimpíada de Inverno de 2014, em Sochi, na Rússia. A Wada (Agência Mundial Antidoping) recomendou o banimento, mas o COI (Comitê Olímpico Internacional) optou por liberar os atletas, desde que eles não tivessem antecedentes de uso de doping e cumprissem outras exigências. E deixou a cargo das federações internacionais a decisão sobre suas modalidades. Até quinta, a Rússia já estava com cerca de 100 esportistas fora dos Jogos. A delegação inicial teria 384 nomes.