GUILHERME SETO SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Prestes a disputar sua terceira Olimpíada (participou de Pequim-2008 e de Londres-2012), o nadador Nicolas Oliveira, 28, investe todas as suas energias na prova do revezamento 4x100m livre para conquistar sua primeira medalha na competição. Disputando o que acredita ser sua última edição dos Jogos, ele não titubeia em dizer que a eliminação de concorrentes russos por doping deve ajudar a equipe brasileira a chegar ao pódio. “Falei para os meninos que a resposta politicamente correta é que não vai mudar nada e teremos que nadar forte do mesmo jeito. Mas, se for olhar friamente, você diminui as chances de um país que iria brigar ali com a gente”, diz o nadador mais experiente da equipe brasileira, perto de completar 29 anos em 4 de agosto. “Não sabemos quem vai substituir os dois atletas, mas eram os dois melhores tempos do revezamento da Rússia, nadadores de ponta. Então, realmente ajuda. É um incentivo a mais para corrermos atrás dessa medalha.” Os russos Vladimir Morosov e Nikita Lobintsev foram suspensos pela Fina (Federação Internacional de Natação) após serem mencionados em um relatório que denunciou um escândalo estatal de doping no país. Eles fizeram parte da equipe que conquistou medalha de bronze no revezamento em Londres-2012. LIDERANÇA A experiência de Nicolas Oliveira o coloca como líder dos demais competidores do revezamento: Marcelo Chierighini tem 25 anos; João de Lucca, 26; Matheus Santana e Gabriel Santos, 20. “Muito tranquilo”, ele deve abandonar uma das provas para a qual se classificou para priorizar a competição em equipe. “Provavelmente não vou nadar o 200m livre, porque a ideia é colocar o foco nos 4x100m livre”, afirma. As duas provas acontecem no mesmo dia. “É um programa carregado, então acho que vai ser melhor para o Brasil se eu abrir mão dos 200 m e brigar por medalha com os meninos.” A idade não é um obstáculo para o nadador. Ele será um dos brasileiros que mais disputará provas no grupo. No entanto, para se recuperar a tempo, é um dos que mais botam fé nos procedimentos de “enganar” o corpo colocados em prática pelo fisiologista Marco Túlio de Mello. Chefe de programa conjunto do COI (Comitê Olímpico Brasileiro) e do Instituto do Sono, Mello tem dado óculos de luz para os atletas à noite, para que o corpo “pense” que o dia está se estendendo, mantendo a temperatura corporal elevada e afastando o sono. Após os treinos, eles recebem óculos escuros e uma luva de resfriamento, para o efeito contrário.