WÁLTER NUNES SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O deputado federal e candidato à Prefeitura de São Paulo Celso Russomanno (PRB) disse em sabatina realizada por Folha de S.Paulo, UOL e o SBT nesta sexta-feira (28), que está “tranquilo” de que será absolvido em processo que responde no STF (Supremo Tribunal Federal). Russomanno foi condenado na Justiça Federal por peculato, acusado de ter pago uma funcionária de sua produtora com verba de seu gabinete na Câmara dos Deputados. O deputado recorreu da condenação ao STF. Caso seja condenado, será enquadrado na Lei da Ficha Limpa, que torna inelegível condenados por órgãos colegiados. “Eu recorri porque sou inocente”, disse. Ele disse que os pagamentos feitos à funcionária foram dentro da lei. “O ato 72 da mesa da Câmara permite que o servidor tenha mais de uma atividade (profissional)”, disse Russomanno. Ele disse que a funcionária usava a estrutura de sua produtora para atender gratuitamente pessoas com demandas na área de defesa do consumidor. “A produtora estava inativa”, disse. “Há 116 casos análogos ao meu e todos foram arquivados”, disse. No final da entrevista, disse à Folha que não teme ter a candidatura cancelada por uma decisão judicial. “Eu estou tranquilo, sou inocente e tenho certeza de que isso vai acabar em breve.” Confira outros temas da sabatina: CAMPANHA Russomanno não respondeu o quanto pretende arrecadar para a campanha. Usou a pergunta para jogar dúvidas sobre a origem dos recursos da campanha passada do atual prefeito, Fernando Haddad. “Minha campanha (em 2012) custou R$ 6,9 milhões. A do prefeito Haddad custou R$ 66 milhões. De onde veio tanto dinheiro?”, perguntou. “Minhas campanhas são humildes. Sou acostumado a fazer campanhas baratas”, diz. UNIVERSAL Russomanno se irritou quando perguntado se integrantes da Igreja Universal fariam parte de um futuro governo. “Sua pergunta é discriminatória”, disse. “Eu não vou responder pergunta discriminatória”, disse. Diante da insistência dos entrevistadores, dizia “próxima pergunta”. “Eu não vou responder. Não vou discutir religião aqui”, disse. O candidato evitou falar sobre a participação da Universal na sua campanha. “Não foi só a Universal que participou da minha campanha, mas outras igrejas também trabalharam. Mas vou governar para todos”, limitou-se a dizer. “Sou católico, todo mundo sabe disso. Padre Marcelo fez meu casamento, casou minha filha, batizou meus netos.” TRANSPORTE Segundo o Datafolha, Russomanno lidera a disputa com 25% dos votos válidos, nove pontos à frente de Marta Suplicy (PMDB). Na simulação do segundo turno, o deputado venceria qualquer um dos adversários. Na eleição passada, Russomanno caiu nas pesquisas após fazer uma proposta de tarifa proporcional conforme a distância percorrida pelo usuário dos transportes públicos da capital. Ele disse que sua proposta, na ocasião, foi distorcida pela campanha de Haddad e que não falou em aumento do preço da passagem para quem se deslocasse por um trajeto maior. “Eu disse que a tarifa maior seria de R$ 3”, disse. “[Eu disse que] quem andasse no bairro pagaria menos”, disse o candidato. “Proporcional para menos, sim. Para mais, não”, disse. “A cidade tem que ser decentralizada”. Para resolver o problema da mobilidade, disse que vai incentivar o comércio e indústria nos bairros. “Se você promove o comércio local, as pessoas não precisam se deslocar”, disse. Prometeu “manter o bilhete único e acabar com as fraudes”. PRIVATIZAÇÕES O candidato se mostrou contra as privatizações de patrimônios públicos, como o autódromo de Interlagos e o Anhembi. “Faltam espaços públicos de lazer em São Paulo”, disse. “Interlagos é na região sul perto da periferia. Pode ser usado para o lazer”, disse. “Por falta de espaço de lazer aumenta a violência. ” E concluiu: “Sou contra a privatização porque a iniciativa privada vai estabelecer quem pode usar. ” SAÚDE O deputado diz que seu foco será na prevenção. “Atenção básica vai ser nossa meta”. Criticou a demora para se conseguir uma consulta nas UBS (Unidades Básicas de Saúde) e disse que uma consulta pode demorar até seis meses. “Hoje você não consegue uma consulta com um ginecologista”, disse. Usou o mesmo exemplo que deu no dia do lançamento da sua campanha, no domingo passado, de que pessoas com diabetes e hipertensão que não conseguem consultas e nem recebem remédios viram candidatos à internação em UTI. “Em 60 dias (de internação) são R$ 150 mil”, disse. UBER “Sou a favor do que é legalizado”, disse ao se posicionar na disputa entre taxistas e motoristas que trabalham com aplicativos como o Uber. “A lei diz que transporte coletivo de carga ou de passageiro tem de ter placa vermelha”, disse. Ele promete rever a legislação que permite o Uber. MICHEL TEMER “O governo Temer, como qualquer governo, inclusive o municipal, deve ir bem”, disse. “Ele tem indicativos que estão dando uma estabilidade da economia e fazendo com que o empresariado acredite no país.” EDUARDO CUNHA “Meu voto é pela cassação por causa de todos os indícios.”