EULINA OLIVEIRA SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos do segundo trimestre, divulgado nesta sexta-feira (29), veio bem abaixo das expectativas de analistas. Com isso, o dólar perde força globalmente, uma vez que o ritmo menor de crescimento da economia americana amplia as apostas de que o Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) não aumentará os juros no curto prazo. O real tem forte valorização sobre o dólar, chegando à casa dos R$ 3,24. Contribui para este movimento o fato de o Banco Central não ter realizado nesta sexta-feira leilão de swap cambial reverso, equivalente à compra futura de dólares. O Ibovespa opera em alta, impulsionado pelos papéis da Petrobras e do setor financeiro. Entretanto, o ganhos é limitado pela queda das ações da Ambev e da Embraer, que reagem aos balanços do segundo trimestre piores do que o esperado pelo mercado, e pelos papéis da Vale. CÂMBIO E JUROS A moeda americana à vista perdia há pouco 1,19%, a R$ 3,2401, e o dólar comercial recuava 1,66%, a R$ 3,2410. O movimento segue o comportamento do dólar no cenário global, uma vez que a economia dos Estados Unidos cresceu menos que o esperado no segundo trimestre. O PIB (Produto Interno Bruto) cresceu a uma taxa anual de 1,2%, informou o Departamento do Comércio nesta sexta-feira. Economistas consultados pela Reuters esperavam expansão de 2,6% no segundo trimestre. Já o centro de expectativas de economistas ouvidos pela Bloomberg era de 2,5%. No primeiro trimestre, o avanço foi de 0,8%. O BC não promoveu leilão de swap cambial reverso nesta sexta-feira, mas realizou pela manhã dois leilões de venda de dólares com compromisso de recompra, os chamados leilões de linha, no montante de até US$ 3,9 bilhões. Na operação, são rolados contratos já existentes, o que não altera a liquidez do mercado. O câmbio também foi influenciado pela formação da taxa Ptax desta sexta-feira. A taxa, calculada pelo BC e que serve de referência a vários contratos cambiais, terminou cotada a R$ 3,2329 para venda. Com a forte queda do dólar, o mercado de juros futuros recua, principalmente nos prazos mais longos. O contrato de DI para janeiro de 2017 caía de 13,995% para 13,980%; o contrato de DI para janeiro de 2018 recuava de 12,910% para 12,860%; o DI para janeiro de 2021 passava de 12,080% para 12,020%. O CDS (credit default swap) de cinco anos brasileiro, espécie de seguro contra calote e indicador de percepção de risco, recuava 1,01%, aos 292,209 pontos. BOLSA O Ibovespa subia há pouco 0,87%, aos 57.161,32 pontos. As ações ordinárias da Ambev. que têm forte peso no Ibovespa, perdiam 3,08%, a R$ 18,84. A maior cervejaria da América Latina teve queda de 22,4% no lucro líquido do segundo trimestre, para R$ 2,195 bilhões, em resultado marcado por queda nas vendas em volume e que trouxe corte na perspectiva de receita da empresa no Brasil neste ano. Os papéis ON da Embraer caíam 13,91%, a R$ 15,10, liderando as perdas do Ibovespa. A fabricante brasileira de aviões informou nesta sexta-feira que sofreu prejuízo de R$ 337 milhões no segundo trimestre, revertendo resultado positivo obtido no mesmo período do ano passado. Vale PNA recuava 0,86%, a R$ 14,83, e Vale ON, -2,67%, a R$ 18,53, seguindo a queda do preço do minério de ferro na China. Petrobras PN ganhava 3,23%, a R$ 11,81, e Petrobras ON, +4,04%, a R$ 13,88. A estatal anunciou a venda de sua participação na área de Carcará, por US$ 2,5 bilhões, para a norueguesa Statoil. Fora do índice, as ações ON da QGEP (Queiroz Galvão Exploração e Produção) subiam 44,39%, a R$ 5,92. A petroleira brasileira tem 10% de participação em Carcará. As ações ON da BRF ganhavam 5,66%, a R$ 53,89. A maior exportadora de aves do mundo anunciou que seu lucro líquido de abril a junho somou R$ 31 milhões, queda de 91,6% ante lucro de R$ 364 milhões no segundo trimestre de 2015. Analistas destacam, entretando, que a receita líquida total da companhia cresceu 7,6%, para R$ 8,5 bilhões, impulsionada por preços médios mais altos e maiores volumes, devido às operações internacionais. O setor financeiro se recupera das perdas na véspera. Itaú Unibanco PN subia 1,50%; Bradesco PN, +2,69%; Bradesco ON, +0,43%; Banco do Brasil ON, +0,53%; Santander unit, +3,01%; e BM&FBovespa ON, +0,26%. EXTERIOR Na Bolsa de Nova York, o índice S&P 500 subia 0,23%; o Dow Jones, -0,01%; e o Nasdaq, +0,34%. Os investidores digerem o PIB do segundo trimestre mais fraco que o esperado. As ações da Alphabet 4,83%, a US$ 802,84. A receita da empresa que controla o Google subiu 21,3% no segundo trimestre, acima do esperado, após fortes vendas de anúncios em aparelhos móveis e para conteúdo de vídeo. Na Europa, a Bolsa de Londres encerrou a sessão em alta de 0,05%; Paris, +0,44%; Frankfurt, +0,61%; Madri, +1,27%; e Milão, +1,96%. As Bolsas europeias são impulsionadas por resultados corporativos positivos e pelos papéis de bancos. Na Ásia, a maioria das Bolsas fechou em baixa, mas o índice japonês Nikkei se recuperou e terminou em alta de 0,56%. O banco central do Japão dobrou as compras de ETFs (fundos de índice), mas manteve a meta da base monetária em 80 trilhões de ienes (US$ 775 bilhões), assim como o ritmo de compras de ativos, incluindo títulos do governo japonês. Também manteve a taxa de juros de 0,1% que cobra de uma porção de reservas em excesso que as instituições financeiras deixam no banco central. O anúncio decepcionou os investidores, que esperavam um pacote maior de estímulos. O iene se valorizou fortemente ante o dólar.