SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ministro das Relações Exteriores, José Serra, disse nesta quinta-feira (4) que espera uma solução negociada para resolver o impasse da presidência do Mercosul. Serra sugeriu que os embaixadores dos países do bloco formem um conselho informal e assumam a coordenação do Mercosul nos próximos seis meses, evitando assim que a Venezuela ocupe a presidência pro tempore. As informações são da Agência Brasil.
“[Temos que] pegar os embaixadores dos países no Mercosul, temos lá uma embaixadora em Montevidéu que cuida da Aladi [Associação Latino-Americana de Integração] e do Mercosul, pegar esses embaixadores que representam seus países e eles fazerem um conselho informal para tocar os assuntos”, disse o chanceler a jornalistas após encontro com o presidente da Confederação Suíça, Johann Schneider-Ammann.
Representantes do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai estão reunidos em Montevidéu para discutir os rumos da presidência do bloco regional. No dia 29 de julho, o Uruguai deu por encerrada sua gestão à frente do Mercosul sem transferir o mandato para um país sucessor. A presidência muda de seis em seis meses, seguindo a ordem alfabética dos países, o que daria o mandato à Venezuela. No entanto, Brasil, Argentina e Paraguai são contrários à sucessão, por causa da situação política do país de Nicolás Maduro.
Na avaliação de Serra, a ausência de um país na presidência do Mercosul não atrapalharia as atividades do bloco econômico. “Vamos continuar tocando, não vai ficar parado. Muita coisa não precisa de presidente para ir para frente. Se o Mercosul realizasse tudo que já foi acordado, já teria trabalho suficiente, mas não vai ficar parado”, disse.
O ministro reiterou sua avaliação de que a Venezuela não tem condições de assumir o comando do Mercosul. “A Venezuela não tem condições de assumir, por um lado porque não cumpriu ainda os requisitos do Mercosul, segundo porque imagina que o Mercosul deveria funcionar em Caracas. É inteiramente utópico imaginar essa possibilidade.”
Depois que o Uruguai deixou a presidência do bloco, Serra enviou uma carta aos chanceleres dos países do grupo em que diz não reconhecer a Venezuela na presidência do Mercosul.
José Serra se reuniu na tarde desta quinta com o presidente da Confederação da Suíça, Johann Schneider-Ammann, e, após o encontro, os dois afirmaram o interesse em estreitar as relações entre o Mercosul e a Efta (Associação Europeia de Livre Comércio), formada pela Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein.
“Estamos de acordo quando queremos que prossiga um acordo de livre comércio entre Mercosul e Efta. A economia suíça depende de atividades internacionais, por isso focamos no Mercosul e em países da América do Sul”, disse Johann Schneider-Ammann.