EULINA OLIVEIRA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Apesar da alta das commodities, o dólar avança sobre o real nesta segunda-feira (8). Os investidores reagem a notícias sobre pré-acordo de delação premiada da Odebrecht, na Operação Lava Jato, envolvendo os nomes do presidente interino, Michel Temer, e dos ministros José Serra (Relações Exteriores) e Eliseu Padilha (Casa Civil). Já o Ibovespa tem leve alta, sustentado principalmente pelo avanço das ações da Petrobras.
Reportagem da Folha de S.Paulo revelou, neste domingo (7), que funcionários da Odebrecht afirmaram a investigadores da Lava Jato que a campanha de Serra à Presidência, em 2010, recebeu da empresa R$ 23 milhões por meio de caixa dois. O ministro nega irregularidades e afirma que sua campanha ocorreu dentro da lei.
A revista “Veja” também afirmou, na edição desta semana, que a Odebrecht deverá dizer, em uma eventual delação, que o dono da empresa, Marcelo Odebrecht, participou em 2014 de um almoço no Palácio do Jaburu com Temer e Padilha no qual o atual presidente interino teria pedido “apoio financeiro” às campanhas do PMDB, o que teria resultado no pagamento de R$ 10 milhões “em dinheiro vivo” entre agosto e setembro do mesmo ano. Eles negam a acusação.
“Veja” divulgou ainda que, em outro acordo de delação em andamento, o marqueteiro de campanhas do PT João Santana deverá dizer que a presidente afastada, Dilma Rousseff, participou pessoalmente de operações de caixa dois na campanha de 2014.
Os investidores voltam suas atenções também para a votação, nesta terça-feira (9), no plenário do Senado, do relatório que recomenda o afastamento definitivo de Dilma.
CÂMBIO E JUROS
O dólar comercial subia há pouco 0,53%, a R$ 3,187; o dólar à vista operava estável, a R$ 3,186.
“Apesar do avanço das commodities, o real é pressionado pelo cenário político”, comenta Reginaldo Galhardo, operador de câmbio da Treviso Corretora. “A série de notícias de possíveis delações premiadas envolvendo o governo interino causa mal-estar e deixa o investidor com um pé atrás.”
Além disso, o Banco Central leiloou pela manhã mais 10.000 contratos de swap cambial reverso, no montante de US$ 500 milhões.
No mercado de juros futuros, o contrato de DI para janeiro de 2017 subia de 13,960% para 13,970%; o contrato de DI para janeiro de 2018 subia de 12,710% para 12,730%; e o DI para janeiro de 2021 avançava de 11,850% para 11,930%.
O CDS (credit default swap) brasileiro, espécie de seguro contra calote e indicador de percepção de risco, porém, perdia 1,12%, aos 270,142 pontos.
BOLSA
O Ibovespa ganhava há pouco 0,28%, aos 57.822 pontos.
As ações da Petrobras subiam 2,48%, a R$ 11,94 (PN), e 4,29%, a R$ 13,83, impulsionadas pela alta do petróleo no mercado internacional.
Beneficiados pelo avanço do minério de ferro na China, os papéis da Vale ganhavam 1,08%, a R$ 15,79 (PNA), e 0,63%, a R$ 19,09 (ON).
No setor financeiro, Itaú Unibanco PN recuava 0,11%; Bradesco PN, -0,58%; Bradesco ON, +0,63%; Banco do Brasil ON, +0,14%; Santander unit, +0,86%; e BM&FBovespa ON, -0,99%.
Ainda no setor, as ações ON da BB Seguridade perdiam 1,78%, a R$ 29,74. A companhia teve lucro líquido de R$ 1,09 bilhão no segundo trimestre, queda de 10,6% em relação ao mesmo período de 2015. A empresa reduziu a projeção de crescimento do lucro líquido ajustado para este ano para entre 4% e 8%. Antes, a faixa ia de 8% a 12%.
EXTERIOR
Na Bolsa de Nova York, os índices recuam, após fecharem em forte alta na sexta-feira (5). O índice S&P 500 perdia há pouco 0,05%; o Dow Jones, -0,06%; e o Nasdaq, -0,15%.
Na Europa, a Bolsa de Londres subia 0,26%; Paris, +0,17%; Frankfurt, +0,68%; Madri, +0,35%; e Milão, +0,66%.
Na Ásia, as Bolsas também subiram, apesar de dados fracos dabalança comercial chinesa. O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, teve alta de 0,91%, enquanto o índice de Xangai ganhou 0,94%.
Em Tóquio, o índice Nikkei avançou 2,44%, reagindo positivamente a dados de emprego nos Estados Unidos de julho acima das expectativas, divulgado na sexta-feira (5).