Na nossa última página de Turismo, falamos da fama e das viagens do herói das histórias em quadrinhos da Bélgica, Tintim. Os roteiros exóticos que Tintim desvendou estão mais do que na moda para os turistas brasileiros, agora que a Turquia está ficando inviável, a Tunísia já teve ataques terroristas contra visitantes estrangeiros, a França vive sobressaltada com os frequentes ataques de grande violência, o Egito ficou sem paz há muito tempo, a África é aquele caldeirão de maldades, Israel continua dizendo que é perseguido, embora seja ele quem ocupa territórios da Palestina, e por ainda vai o mundo. Resta saber que longe é um lugar que não existe.

Quando não é o homem o responsável pelas desgraças que assolam o planeta, é a própria Natureza que se encarrega de deslizar morros sobre casas, estradas, cidades ou são os vulcões que entram em erupção, os ventos que tornam os mares mais perigosos, as chuvas que não param de cair, as geleiras que continuam derretendo e inundam patrimônios da humanidade.

Mas se você está na lista daqueles que sonham em conhecer o Tibet, Nepal, Angkor Wat, o Cáucaso e outros destinos igualmente distantes, precisa saber de alguns detalhes que importam. E muito.

A viagem de Tintim ao Tibet foi um de seus maiores sucessos, traduzida no mundo todoOs desenhos de Hergé se transformaram em objetos de desejo dos colecionadores

Uma viagem ao Tibet, por exemplo, começa com um check up completo e a visita ao médico é obrigatória, mesmo que sua saúde esteja a 100% e não haja nenhuma debilidade. O Tibet é destino proibido para quem tiver algum problema de saúde. A altitude varia de 4 mil a 6 mil metros, o que impede a movimentação normal. Vários dias de aclimatação são obrigatórios aos saudáveis turistas. Alguns hotéis de Lhasa têm máscaras de oxigênio nos quartos e é bom saber que Lhasa, a capital, é um dos pontos mais baixos do Tibet. Mesmo assim, tem quase a altitude do Mont Blanc na Europa.

Os que chegam até lá, e passam a sofrer qualquer tipo de pressão ou dor de cabeça, devem passar pelo menos o primeiro dia inteiro na cama. Compridos serão utilizados aos montes, mas serão de pouca eficácia, já que cada pessoa reage de uma forma diferente. As dores de cabeça, náuseas, falta de ar são comuns nos primeiros dias. É a famosa doença de altitude que pode, em alguns casos, criar edemas pulmonares ou cerebrais.

Não se arrisque: antes de comprar o pacote turístico, passe pelo exame médico e siga as orientações para minimizar efeitos, que surgem em quem não tem problemas de saúde. O Tibet está aberto à visitação pública, principalmente a grupos. Desde outubro de 1987, quando os monges da capital de Lhasa se rebelaram contra os chineses, no aniversário da fuga do rei-deus tibetano, Dalai Lama.

Picos nevados nos lugares mais altos do mundo: nada foi empecilho para TintimTer boa companhia é recomendável nas viagens mais exóticas

Muitos acreditam que o Tibet é um país pequeno, como o Nepal. Mas ele é maior do que três ou quatro países europeus com os quais se façam comparações. Dá para viajar por 2 quilômetros em linha reta dentro de suas fronteiras. A única cidade que recebeu divulgação foi Lhasa, que lentamente foi sendo modificada pela modernidade, com movimento de turistas e o aparecimento de hotéis ao gosto dos ocidentais. Quem se aventura pelo interior pode viajar várias horas de carro sem encontrar uma alma viva. É bom visitar alguns mosteiros de Lhasa, antes de seguir em direção a Gyantse. Tempo livre é bom ter, para facilitar passar um dia inteiro em um templo. E, para os interessados na religião lamaísta, até uma semana em um mosteiro é quase nada. Mas é bom fazer uma preparação psicológica para as mudanças. Como se habituar ao cheiro agridoce das velas de manteiga de yak, o animal das Himalaias, que dá leite, carne, couro, lã. Pode ser intolerável nos primeiros dias.

Em Lhasa o roteiro começa com o templo de Jokhang, no centro, seguindo para o imenso Palacio de Potala. Podendo, desça até os calabouços subterrâneos. Depois é seguir até Drepung, mosteiro a 8 km a oeste de Lhasa, que chegou a abrigar 11 mil monges e dominava outros 700 mosteiros menores. No mosteiro de Sera ainda existem debates monásticos autênticos.

Saindo de Lhasa em direção a Katmandu, no Nepal, há três paradas a fazer: Gyantse, Xigatse e Xegar. Uma viagem de pelo menos quatro dias e muitas surpresas. Conforme a ordem do dia e as situações políticas, pode se necessário atravessar fronteira andando nove horas a pé pelas encostas das Himalaias. Não será um roteiro para quem gosta de confortos. Mas será uma viagem inesquecível e cheia de aventuras, em todos os sentidos.