Conhecido no Brasil pela sua preocupação com a didática da História e com a História como ciência, o filósofo, historiador e professor alemão Jörn Rüsen vai receber das mãos do reitor Zaki Akel Sobrinho, nesta segunda-feira (22 de agosto), às 10 horas, o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Rüsen, de 78 anos, é uma das mais importantes referências para os estudiosos brasileiros que se interessam pela aprendizagem histórica e por teoria da historiografia e do ensino. É o primeiro título desta natureza proposto pelo Setor de Educação da UFPR em 43 anos de existência.

O Brasil é um dos países de maior aceitação de suas obras, e no Paraná, especialmente, ele se sente em casa graças ao trabalho de intercâmbio realizado pelo Laboratório de Pesquisa em Educação Histórica (Lapeduh), da UFPR (Setor de Educação), coordenado pela professora e pesquisadora Maria Auxiliadora Schmidt.

Novo humanismo
Maria Auxiliadora, que fará a saudação ao homenageado, diz que o professor Rüsen considera a didática da História em duas dimensões: a tradicional, voltada para o sistema escolar institucionalizado, e a genérica – social –, em que pensar o tempo vivido se faz no dia a dia, por um sem número de meios.

Ele trabalha muito em torno da idéia de um novo tipo de humanismo. Para ele, os atuais conflitos globais na política, economia, cultura e religião exigem fortemente a definição e reforço de uma cultura global de valores e humanidade. Explica que o fundamentalismo e o terrorismo, assim como a fome, a pobreza e a miséria em muitas partes do mundo, fornecem bastante evidência quanto a essa necessidade.

O humanismo em Rüsen é o auto-cultivar, ou seja, formação moral, cívica, religiosa, escolar que permita tornar o indivíduo responsável por si mesmo. Esse humanismo, diz, está em oposição ao coletivismo determinista que instrumentaliza as pessoas para serem o que o grupo espera que sejam. O novo humanismo procura construir o ser humano levando em conta as diferentes temporalidades e dimensões da vida cotidiana no tempo presente.

Se para Karl Marx, por exemplo, o humanismo é ideologia burguesa que, pela lei da dialética, tornar-se-ia outra coisa com a emancipação política proletária, para Jörn Rüsen há um alerta de que o humanismo pensado em termos de modos de produção pode levar a outras formas de desumanização; e ele lembra que em Auschwitz havia uma placa com o dizer O trabalho liberta e nas ilhas do arquipélago Gulag dizia-se humanismo real.

Vinte idiomas
Jörn Rüsen esteve várias vezes em Curitiba para conferências, cursos e lançamento de livros. Tem obras publicadas pela editora da Universidade de Brasília (UnB), pela editora da UFPR, pela Vozes e pela paranaense WA Editores. Destacam-se entre os seus mais de 20 livros a trilogia História Viva, Humanismo e a didática da História, Teoria da História, Cultura faz sentido e Aprendizagem Histórica – fundamentos e paradigmas. O historiador já recebeu na Alemanha diversos pesquisadores ligados ao Lapeduh.

Rüsen foi professor nas universidades de Bochum e Bielefeld, na aAlemanha, além de diretor do Centro de Estudos Interdisciplinares da Universidade de Bielefeld e do Instituto de Altos Estudos em Humanidades de Essen. Atuou como professor visitante em universidades da Índia, África do Sul e Taiwan. É Doutor Honoris Causa pelas universidades de Lud (Suécia) e de Brasília (Brasil). Ele tem livros, artigos científicos e ensaios publicados em mais de vinte idiomas.

Serviço:
Solenidade de entrega do título de Doutor Honoris Causa da UFPR ao professor Jörn Rüsen.
Data: 22 de agosto de 2016 (segunda-feira).
Horário: 10 horas.
Local: Sala Homero de Barros – Edifício Dom Pedro I – 1.° Andar – Rua General Carneiro,460 – Centro – Curitiba.