Desde que se elegeu, em 2002, sob a bandeira do “baixa ou acaba”, o governador Roberto Requião (PMDB) assumiu um discurso de crítico contumaz do pedágio como forma de investimento e manutenção das estradas paranaenses. Mas foi justamente em 1991, ainda no primeiro mandato de Requião como governador, que se fizeram os primeiros estudos para a implantação do pedágio nas rodovias do Estado.

É o que revela a pesquisa “A concessão de rodovias paranaenses sob a ótica da regulação”, apresentada em 2005 por Rejane Karam como parte de uma dissertação para a obtenção de mestrado em desenvolvimento econômico, no curso de Ciências Sociais da Universidade Federal do Paraná. No capítulo “O Sistema de Pedaginamento do governo – um estudo ignorado”, ela conta, com base em documentos oficiais, que em 1991, quatro anos antes do governo Jaime Lerner iniciar o programa de concessão de rodovias, a Secretaria dos Transportes, ainda no primeiro ano do primeiro mandato de Requião no Palácio Iguaçu, formou uma comissão de técnicos para estudar a viabilidade da implantação de um sistema de pedagiamento em estradas paranaenses “na busca de uma fonte alternativa de recursos que financiasse os investimentos no setor rodoviário”.

O grupo foi formalizado através da resolução nº 47/91 de 11/07/1991, que instituiu uma “[…] Comissão Especial de Estudos destinada a apresentar proposição sobre a implementação de cobrança de pedágio nas Rodovias Estaduais”, publicada no Diário Oficial do Estado. Formada por cinco engenheiros do Departamento de Estradas e Rodagem (DER/PR), a comissão concluiu pela viabilidade do pedágio “em uma rede viária composta por 2.767 Km, sendo 2.148 Km de rodovias federais e 619 Km de rodovias estaduais”. De acordo com a pesquisa, que reproduz mapa (veja nesta mesma página) com a localização dos trechos escolhidos pela comissão da Secretaria dos Transportes, publicado sob o título “Rede Rodoviária com cobrança de pedágio – proposta inicial”, datado de novembro de 1992, o traçado apresentava “uma semelhança muito grande com o chamado ‘Anel de Integração’ concebido algum tempo depois” pelo governo Jaime Lerner.

Ainda segundo as conclusões da comissão, o tráfego médio diário estimado na época estaria entre 2,5 mil e 3 mil veículos ao dia, e apesar de nem todas as rodovias relacionadas possuir esse volume de tráfego, a rede, concebida de forma semelhante ao Anel de Integração de Lerner, compensaria os trechos deficitários.

Alternativas — De acordo com a pesquisa de Rejane Karam, ao contrário do modelo implantado por Lerner, a proposta estudada no governo Requião não previa grandes obras com duplicações e reconstruções. A comissão já admitia dificuldades na determinação das regras que estabeleceriam as tarifas e das normas para os reajustes das mesmas. Entre as alternativas levantadas pelo relatório da comisão estava a possibilidade de implantação do pedágio estatal, ou através de empresa de economia mista ou grupos privados.