Com o encerramento dos Jogos Olímpicos podemos nos perguntar: quais aprendizados tivemos com este evento? Em que as olimpíadas podem me ajudar como pessoa e profissionalmente? Como posso aproveitar o exemplo dos atletas? Dentre muitas, para o desenvolvimento pessoal, acredito que algumas lições merecem destaque.
Primeiramente, a ‘dedicação intensa’; nenhum atleta, mesmo sem obter medalhas, chega a uma olimpíada sem trabalho duro. E durante os jogos, ninguém vai mais longe sem lutar. Mais importante: ninguém é bronze, prata ou ouro sem esforço. Para alcançar êxito, é necessária dedicação plena em tudo que se faz. O atleta Izaquias Queiroz, da canoagem, teve uma vida muito difícil, mas soube trabalhar arduamente para alcançar seus resultados.
A ‘superação da dor’: nada que realmente tenha valor pode ser conquistado sem alguma dose de sofrimento. Não por qualquer razão, mas porque todo esforço concentrado exige reeducar os músculos e neurônios. Querer mais ou menos não exige esforço extra; querer mais, exige luta contra a mediocridade. Lucarelli, jogador de vôlei, jogou a semifinal e a final com uma das pernas machucadas. Quando saltava e voltava ao chão, a expressão facial revelava sua dor. Ele a superou.
O ‘desempenho expandido’, pois praticar constantemente é o segredo dos melhores. Quem deseja ir mais longe e está disposto a exigir mais de si, certamente irá ampliar a própria performance, posto que ela sempre se expande como resultado de prática intensa. A seleção de vôlei mostrou que o treinamento intenso gera novo desempenho.
Dedicação intensa, superação da dor e expansão do desempenho são ingredientes indispensáveis à obtenção de resultados maximizados – de ‘resultado superior’. Resultados medianos podem ser alterados para mais, depende do que se quer e do quanto se quer. Thiago Braz, do salto com vara, resolveu colocar o sarrafo 11 cm mais alto que seu próprio resultado porque não estava satisfeito com a medalha de prata, queria o ouro.
É importante também manter a ‘autoestima renovada’; resultados superiores costumam elevar o orgulho de qualquer pessoa, aumentando ainda mais a capacidade de superar a dor ou a frustração e, consequentemente, obter melhores resultados. Foi o caso da atleta Rafaela Silva, do judô, que deu a volta por cima nestas olimpíadas, conquistando o ouro.
O desejo de ‘melhoria contínua’: embora o tempo desgaste nossas forças, sempre é possível melhorar. Trata-se de uma competição saudável, onde o adversário é você mesmo e seu desempenho. Ser melhor a cada dia, como pessoa e profissional é possível. O velejador argentino, Santiago Lange, aos 54 anos, conquistou o ouro após enfrentar e vencer um câncer de pulmão. O interessante é que sua atividade mudou, ele passou a ser o atleta da informação e comando, enquanto sua parceira de barco, Cecilia Carranza (29 anos), executava as manobras de movimentos mais intensos. Apesar dos limites impostos pela doença, Santiago melhorou sua performance em outros aspectos.
Por fim, a ‘celebração do humano’: os jogos olímpicos são uma excelente oportunidade para se observar e participar da experiência da vida – limites, superação, vitórias, conquistas, solidariedade, alegria. Usain Bolt talvez seja o exemplo mais contundente da capacidade de celebrar o êxito. Sua alegria após a vitória é contagiante. Uma grande aula de gratidão.

José Leão da Cunha Filho, diretor-geral do Colégio Marista de Brasília, da Rede de Colégios do Grupo Marista