EULINA OLIVEIRA SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar operava em baixa frente à maior parte das moedas mais cedo nesta terça-feira (23). Os investidores especulavam que a presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos), Janet Yellen, deverá manter a postura cautelosa em relação a uma alta dos juros no país, em discurso previsto para esta sexta-feira (26), apesar de declarações de outros integrantes do BC americano no sentido contrário. No entanto, os dados de vendas de imóveis novos nos Estados Unidos em julho acima do esperado acabaram fortalecendo a moeda americana frente a boa parte das moedas, entre elas o real.

O indicador elevou as apostas de aumento dos juros americanos no curto prazo. As vendas de imóveis novos nos Estados Unidos cresceram 12,4% ante junho, para 654.000 unidades, no ritmo mais rápido desde outubro de 2007, conforme dados do Departamento do Comércio americano. A média das estimativas, segundo a agência Bloomberg, era de 580.000 imóveis. No campo doméstico, o mercado aguardava as declarações do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado sobre o futuro da política monetária. A audiência, porém, foi adiada, o que contribuiu para o dólar acelerar.

“O mercado trabalhava com a expectativa de ouvir o presidente do BC nesta terça-feira, e como ela foi frustrada, o humor piorou”, comenta Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora. “A [audiência com Ilan] era o destaque do dia, em nossa opinião, e poderia dar rumos mais claros aos mercados de juros e câmbio”, destacam analistas da Guide Investimentos, em relatório. O Ibovespa fechou em alta, recuperando-se de parte das perdas da véspera, e impulsionado pela alta do petróleo no mercado internacional. Os investidores também estavam atentos às votações no Congresso da renegociação das dívidas dos Estados da União e da prorrogação da DRU (Desvinculação das Receitas da União) até 2023, que podem ocorrer nesta terça-feira. Nesta segunda-feira (22), a votação final do projeto de lei que trata da renegociação com os Estados foi adiada na Câmara por falta de quórum, como ocorreu na semana passada com a DRU no Senado.

DÓLAR E JUROS

O dólar comercial fechou em alta de 0,99%, a R$ 3,2340; a moeda americana à vista, cuja negociação termina mais cedo, avançou 0,05%, a R$ 3,2218. Pela manhã, como tem ocorrido nos últimos dias, o BC leiloou 10.000 contratos de swap cambial reverso, equivalentes à compra futura de dólares, no montante de US$ 500 milhões.

DÓLAR

Saiba mais sobre a moeda americana Entenda as diferenças entre os tipos de dólar Conheça as estratégias do governo para conter a alta do dólar e alcançar o ‘câmbio ideal’ Veja como investir em moedas estrangeiras Confira a cotação do dólar e outras moedas Marcio Cardoso, sócio-diretor da Easynvest, avalia que a tendência do dólar no curto prazo continua sendo de queda ante o real. “Mesmo que haja uma elevação dos juros nos Estados Unidos, a valorização do dólar deverá ser pontual, num primeiro momento, pois as altas taxas de juros no Brasil continuarão sendo atrativas para o investidor estrangeiro.” No mercado de juros futuros, o contrato de DI para janeiro de 2017 caiu de 13,985% para 13,980%; o DI para janeiro de 2018 recuou de 12,710% para 12,690%; mas o DI para janeiro de 2021 avançou de 11,910% para 11,950%. O CDS (credit default swap) brasileiro, espécie de seguro contra calote e indicador de percepção de risco, subia 0,35%, aos 255,369 pontos. BOLSA Depois da queda de 2,23% nesta segunda-feira, o Ibovespa chegou a subir mais de 1%, mas perdeu fôlego na reta final do pregão. O principal índice da Bolsa paulista encerrou em alta de 0,41%, aos 58.020,03 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,5 bilhões. As ações da Petrobras subiram 2,59%, a R$ 12,67 (PN), e 3,17%, a R$ 14,93 (ON), ajudadas pelo avanço dos preços do petróleo nesta sessão. Os papéis da Vale tiveram alta de 1,54%, a R$ 15,81 (PNA), e de 2,01%, a R$ 18,75 (ON), acompanhando a valorização do minério de ferro na China. No setor financeiro, Itaú Unibanco PN perdeu 0,16%; Bradesco PN, -1,08%; Bradesco ON, -1,41%; Banco do Brasil ON, +1,75%; Santander unit, -0,66%; e BM&FBovespa ON, +0,89%. EXTERIOR Em Nova York, o índice acionário S&P 500 subiu 0,20% e o Dow Jones, +0,10%. O índice Nasdaq ganhou 0,30%. Na Europa, a Bolsa de Londres fechou com valorização de 0,59%; Paris, +0,72%; Frankfurt, +0,94%; Madri, +1,33%; e Milão, +2,50%. Os índices reagiam a dados de atividade da zona do euro em agosto acima do esperado. Na China, o índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, teve alta de 0,15%. O índice de Xangai ganhou 0,16%. O índice Nikkei do Japão fechou em queda de 0,61%, com o iene se fortalecendo ante o dólar.