SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Reunidos em Montevidéu, representantes dos países do Mercosul -com exceção da Venezuela- não chegaram a um consenso nesta terça-feira (23) sobre o impasse envolvendo a presidência temporária do bloco. Delegados de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai não conseguiram aprovar a proposta de criar uma presidência colegiada até o fim do ano -período em que, pelas normas do Mercosul, a Venezuela deveria chefiar o grupo. Oficialmente, representantes brasileiros, argentinos e paraguaios dizem que o comando do bloco não pode ficar com Caracas porque a Venezuela não conseguiu se adequar às normas do Mercosul dentro do prazo estabelecido -que encerrou no último dia 12. Nos bastidores, no entanto, o principal motivo alegado pelos três membros para não aceitarem que a nação comandada por Nicolás Maduro assuma a presidência é que o país não é uma democracia plena e que desrespeita direitos humanos -citam como exemplo a existência de presos políticos. O Uruguai insiste que Caracas tem o direito de exercer a presidência temporária do Mercosul, e, por isso, pediu mais tempo para fazer consultas internas antes de decidir sobre a proposta de presidência colegiada. Como as decisões do bloco têm que ser tomadas em consenso, a aceitação uruguaia é indispensável. Pelas normas do grupo regional, a presidência deve ser repassada semestralmente por ordem alfabética. Logo, depois do Uruguai, seria a vez da Venezuela. A proposta de Brasil, Argentina e Paraguai, no entanto, é que o Mercosul tenha uma presidência colegiada até o início de 2017, quando seria a vez de Buenos Aires reassumir a chefia do bloco.