SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Na manhã do segundo dia da conferência da Associação Internacional de Mídia Jornalística (Inma), em São Paulo, o presidente do Grupo Abril, Walter Longo, defendeu que o universo digital seja abraçado pelos veículos como adição ao impresso, não substituição. Disse que, quando assumiu o grupo, há seis meses, achava que sua missão era “levá-lo ao mundo digital”, mas foi surpreendido por uma visão estabelecida de que “o papel já era”.

Ele concluiu que isso “gera uma profecia auto-realizável”, a ser evitada. Citou “sinais de recuperação”, por exemplo, nas revistas “The Week”, com circulação crescente, e “Vogue”, com centenas de páginas de publicidade -além das circulações recordistas de “Cláudia” e “Veja”, títulos do Grupo Abril, no primeiro semestre. “O meio revista não está morrendo, mas pode estar se suicidando”, afirmou, sobre a visão corrente de trocar o papel pelo digital, “conceito que veio dos Estados Unidos e chegou mais rápido do que deveria ao Brasil, acelerando o processo”. Ele defendeu uma divisão das tarefas clássicas do jornalismo, com a mídia digital cuidando de “o quê” e “quando” e o impresso cuidando de “por quê” e “como”.

Posteriormente, prevê ele, se tudo se transferir para o digital, as primeiras serão gratuitas, e as segundas, pagas. As mudanças estratégicas que Longo está implantando no Grupo Abril partem dessa premissa e de outras quatro que detalhou: expandir o modelo de negócios, de mídia para “marketplace”, passando a vender produtos; ampliar as ações de conteúdo patrocinado e publicidade nativa, “storyselling”, como chamou; dar mais ênfase à cultura autoral, “valorizar os jornalistas”; e “atuar de maneira efêmera para continuar perene”, ou seja, dispor-se a mudar permanentemente.