NATÁLIA CANCIAN
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Alvo de críticas do setor pela proposta de ofertar planos de saúde “populares”, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, disse nesta quarta-feira (24) que o grupo formado pelo governo para discutir o tema irá agora avaliar a possibilidade de reduzir os preços dos planos sem que haja diminuição da cobertura mínima obrigatória de serviços estabelecida pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).
“A redução do rol de obrigações não será prioridade nessa negociação”, afirmou o ministro durante a apresentação de um balanço da gestão em três meses à frente da pasta. Ele ressalta, no entanto, que a questão ainda não está definida. “Vamos aguardar a comissão decidir”, disse, em referência ao grupo de trabalho criado no início deste mês para elaborar a proposta.
A declaração representa um primeiro sinal de recuo do ministro em meio aos protestos de entidades de defesa do consumidor, associações médicas e movimentos em defesa do SUS, que temem que a oferta de planos com cobertura reduzida traga “retrocesso” nos direitos dos usuários e prejuízos ao SUS. Até então, a diminuição na cobertura mínima de serviços vinha sendo defendida pelo ministro como condição essencial para a oferta desses planos.
Segundo Barros, a possibilidade de reduzir os preços dos planos “com outras medidas” foi apresentada à comissão por uma das áreas interessadas. Questionado, evitou dar detalhes das medidas.
BALANÇO
Durante o encontro, o ministro apresentou um balanço de medidas adotadas na pasta nos últimos três meses, como a redução de 417 cargos e revisão de contratos e dos preços na aquisição de medicamentos. Segundo ele, a economia obtida foi de R$ 384 milhões, que devem ser encaminhados para ajudar prefeituras no custeio de UPAs (unidades de pronto-atendimento) e para ampliar a oferta de remédios, afirma.
O anúncio, em tom positivo, foi divulgado poucos dias após auxiliares do presidente interino Michel Temer terem ficado incomodados com declarações polêmicas do ministro à frente da pasta, como a de que “os homens trabalham mais que as mulheres” que era preciso rever o tamanho do SUS.