SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu, nesta quarta-feira (24), paciência às autoridades turcas em relação ao pedido de extradição do clérigo Fetullah Gülen, acusado por Ancara de ter organizado a tentativa de golpe de julho passado -ele nega. Em declarações a jornalistas na capital turca após se reunir com o presidente Recep Tayyip Erdogan, Biden disse que os envolvidos na tentativa de golpe eram terroristas e que os EUA possuem mais advogados trabalhando no pedido de extradição de Gülen do que em qualquer outro caso recente.

Mais cedo, antes de encontrar Biden, Erdogan havia afirmado que diria ao vice americano que Washington não tem “nenhuma desculpa” para não extraditar Gülen. O clérigo vive nos EUA desde 1999. “Nossos especialistas jurídicos estão trabalhando neste momento com suas contrapartes turcas na produção e avaliação de evidências que precisam ser apresentadas a uma corte americana em respeito aos requerimentos de nossa lei para o tratado de extradição”, disse Biden. “Não temos nenhum, nenhum, nenhum interesse em proteger alguém que tenha feito mal a um aliado. Nenhum”, completou o americano. “Mas precisamos respeitar o procedimento legal.”

O governo turco já emitiu uma ordem de prisão contra Gülen, e espera que os EUA extraditem o clérigo. “Se o processo puder ser acelerado para que Gülen retorne ao nosso país para ser punido, se nossa cooperação nesse sentido continuar a crescer, então o desapontamento do povo turco nesse sentido logo dará lugar a um sentimento positivo”, disse o premiê turco, Binali Yildirim. Advogados dizem que o processo de extradição pode levar anos. Mesmo se aprovado por um juiz, um pedido ainda precisa passar pelo secretário de Estado americano, que pode considerar em sua decisão fatores não legais, como argumentos humanitários. Biden negou que os Estados Unidos tinham conhecimento prévio do golpe, versão levantada por Ancara nos dias seguintes à ação que deixou mais de 240 mortos.

AÇÃO NA FRONTEIRA

Durante a visita, o vice americano também deu declarações de apoio à operação militar turca na fronteira com a Síria, iniciada nesta quarta-feira (24). “Nós apoiamos fortemente o que os militares turcos vem fazendo, nós temos dado cobertura aérea. Nós acreditamos firmemente que a fronteira turca deve ser controlada pela Turquia”, disse Biden. Tanques turcos entraram no país vizinho para abrir passagem a milícias anti-Assad.