No Brasil, apenas 1% das empresas investem em seguro para os documentos digializados. A constatação está no relatório Global Impacto Cibernético, da consultoria e corretora de Seguros Aon, divulgado recentemente. Essa é a realidade do mundo corporativo brasileiro diante de um contexto em que ataques virtuais tendem a se tornar armas de guerra entre governos, grupos terroristas e hackers. 

O estudo, foi feito em 37 países, com 2.243 participantes, apontou que o cenário para os seguros cibernéticos no Brasil é muito promissor por ser crescente a demanda por segurança de dados nas operações online. Em nosso estudo, apenas 19% das empresas no mundo todo contratam o seguro cibernético. Se considerarmos somente o Brasil, menos de 1% delas adquirem esse produto, afirma Maurício Bandeira, gerente de Produtos Financeiros da Aon.

Essa diferença está aparente entre o mercado americano e o brasileiro, e se dá, principalmente, por conta da legislação.

Segundo o executivo, aqui no Brasil ainda não existe nenhuma obrigatoriedade legal, portanto, ainda é um mercado a ser explorado. Atualmente, as empresas acabam sendo responsáveis por avaliar os requisitos na contratação de um seguro específico. Mas, muitas vezes, não estão aptas para qualificar a descrição dos riscos, e não têm conhecimento do prejuízo que uma falha causaria, explica.


Cobertura e preço restringem procura

Algumas razões apontadas para a não contratação do seguro foram: a cobertura é inadequada para a exposição (31%); os prêmios são caros (29%); apólices de propriedade e acidentes são suficientes (26%); há muitas exclusões, restrições e riscos não seguráveis (26%) e 23% dizem que a gerência executiva não vê valor neste seguro (23%).
Ainda de acordo com o estudo, os participantes tiveram que estimar o maior prejuízo que poderiam ter em casos de danos à propriedade e riscos cibernéticos. Os números ficaram muito semelhantes, sendo US$ 648 milhões no primeiro caso e US$ 617 milhões no segundo. Mas, quando se trata de ruptura de negócios, as empresas estabeleceram valores maiores de prejuízo para o dano ligado às redes (cerca de US$ 207 milhões), mais do que o dobro quando comparado com perdas de propriedades (US$ 98 milhões).

Para Maurício Bandeira, a aquisição de seguro cibernético, atualmente no Brasil, ainda não é vista como um investimento para proteger dados vitais no futuro, mas o mercado já dá sinais de mudança O mercado brasileiro está numa fase de conhecimento sobre esse seguro, pois mesmo multinacionais alocadas no país ainda conhecem pouco sobre o produto. Por isso, é necessário mostrar a quantificação dos riscos para que tenham real dimensão do problema no momento de tomada de decisão, ressalta.


Razões apontadas para não contratar o seguro

31% Cobertura é inadequada para a exposição 
29% Prêmios são caros 
26% Apólices de propriedade e acidentes são suficientes 
26% Há muitas exclusões, restrições e riscos não seguráveis 
23% Gerência executiva não vê valor neste seguro