DANIELA LIMA, DÉBORA ÁLVARES E MARIANA HAUBERT
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Uma das testemunhas arroladas pelo advogado de defesa da presidente afastada, Dilma Rousseff, foi nomeada para um cargo no Senado no último dia 18 a pedido da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR).
O ato que sacramentou a nomeação de Ester Dweck para um posto de assessoramento na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) se tornou alvo de questionamentos da base aliada do presidente interino, Michel Temer.
As críticas à nomeação são o segundo capítulo de uma disputa política que dominou os debates no Senado na tarde desta quarta-feira (25), primeiro dia do julgamento do impeachment de Dilma. O senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) foi o porta-voz da queixa. A informação sobre Dweck havia sido publicada no site do jornal “O Globo”.
O primeiro episódio desse imbróglio começou quando o ministro Ricardo Lewandowski, do STF (Supremo Tribunal Federal), que preside a sessão, decidiu requalificar a classificação do procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas Julio Marcelo de “testemunha” da acusação para “informante”. A ação ocorreu após a defesa de Dilma questionar a divulgação nas redes sociais do procurador de um evento pela rejeição das contas da petista, um dos pilares do impeachment.
Na condição de informante, Júlio Marcelo não teria a obrigação de dizer a verdade. Ele minimizou o incidente e disse que, “como membro do Ministério Público”, tem compromisso com a verdade em qualquer circunstância.
A reclassificação do procurador se tornou o principal foco de ataque dos petistas à fala de Marcelo, que formulou relatório técnico submetido ao TCU (Tribunal de Contas da União) apontando as chamadas “pedaladas fiscais”.
Agora, os senadores favoráveis ao impeachment mostram que vão usar a mesma estratégia para tentar descredibilizar testemunhas arroladas pela defesa da petista, como Ester Dweck.
Professora universitária, Dweck foi secretária de Orçamento durante a gestão de Dilma. Como ela não falaria nesta quinta (25), Lewandowski postergou a decisão sobre o questionamento em torno da vinculação entre a testemunha e o PT e apontou que só opinará sobre o caso nesta sexta (26).
Em defesa de Dweck, Gleisi afirmou que pediu à UFRJ a cessão da economista para a comissão do Senado, mas que o processo ainda não foi “finalizado”. “A Ester sempre teve um lado. Ela atuou em um cargo de confiança do governo. Todo mundo sempre soube que ela teve um lado. Ela é importante como testemunha por ter sido secretaria de Orçamento”, disse a senadora.