ALFREDO MERGULHÃO
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O governo do Quênia dissolveu nesta quinta-feira (25) o comitê olímpico do país devido aos problemas que a equipe de competidores enfrentou na Olimpíada do Rio.
O último deles foi a hospedagem do time atletismo em uma favela após o grupo ter saído da Vila Olímpica.
O Comitê Organizador dos Jogos informou que o último dia permitido para os atletas permanecerem na Vila foi 24 de agosto. Os imóveis serão preparados para a Paraolimpíada.
Em uma rede social, o maratonista Wesley Korir afirmou que os atletas ficaram sem ter para onde ir assim que deixaram a vila. A razão, segundo o maratonista, é que o Comitê Olímpico do Quênia optou por um voo mais barato, apenas nesta quinta (25).
Ele reclamou por ter ficado em um lugar onde era possível ouvir barulho de tiros disparados durante a noite.
“Nunca senti tanta felicidade ao deixar um lugar, depois de uma noite de drama e tiroteios eu não posso esperar para ver minha família”, escreveu Korir já no aeroporto do Galeão, pouco antes de embarcar para Nairóbi.
Korir publicou fotos e vídeos na rede social. As imagens mostram um morro ao fundo, com casas de tijolo sem pintura, semelhantes às encontradas em favelas do Rio, além de carros abandonados.
“Inacreditável onde a equipa queniana vai passar a noite hoje, depois que a Vila Olímpica está fechada! A melhor equipe na África e o segundo melhor em todo o mundo no atletismo e é assim que eles nos tratam. Eles procuraram um voo barato”, afirmou Korir em rede social.
O problema com a hospedagem dos atletas foi o estopim para a dissolução do Comitê Olímpico do Quênia.
Segundo o “New York Times”, o ministro dos esportes do Quênia, Hassan Wario, afirmou em um comunicado que a má gestão com os atletas e toda equipe queniana “vão desde o alojamento e contratempos na viagem, mau uso das credenciais dos participantes e a kits esportivos que nunca fora entregues aos atletas”.
As alegações “representam uma imensa ameaça que irá afetar negativamente a estabilidade e a reputação dos Jogos Olímpicos neste país”, disse o Wario, segundo o NYT.
Durante a Olimpíada, um treinador queniano foi mandado para casa pela própria delegação após tentar se passar por um atleta do país em exame antidoping.
A reportagem entrou em contato com o comitê queniano, mas não obteve retorno até a publicação deste texto.
Ao jornal americano, o comitê afirmou que o governo não tem poder para dissolvê-lo e que vai recorrer à Justiça. A entidade afirma que somente o Comitê Olímpico Internacional teria autoridade para destituí-los.
A delegação olímpica do Quênia ganhou ao todo 13 medalhas nos Jogos, todas elas no atletismo, inclusive seis de ouro.
Korir não completou a maratona no Rio. O vencedor da prova foi seu compatriota, Eliud Kipchoge, que deixou o Brasil antes dos demais atletas, segundo a BBC.