SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Parentes das vítimas se abraçavam e estendiam os braços para tocar os caixões simples de madeira durante um funeral de Estado para algumas das 290 pessoas mortas em um terremoto na Itália na quarta (24). Entre os 35 caixões velados em um ginásio de esportes, havia modelos menores para os corpos de um bebê de 18 meses e uma garota de nove anos, duas das 21 crianças que morreram durante a tragédia que atingiu o centro do país. “Não tenham medo de mostrar seu sofrimento, nós temos visto muita dor. Mas eu peço a vocês para não perder sua coragem”, disse o bispo Giovanni D’Ercole, durante uma cerimônia que reuniu parentes dos mortos e os principais líderes políticos do país, como o premiê Mateo Renzi, o presidente Sergio Mattarella, chefes do parlamento e prefeitos. “Apenas juntos poderemos reconstruir nossas casas e igrejas. Acima de tudo, juntos podemos trazer a vida de volta para nossas comunidades”, prosseguiu. Enquanto a missa era realizada, equipes de busca continuaram escavando os destroços da cidade mais atingida, Amatrice, embora haja pouca esperança de encontrar mais sobreviventes. Nove corpos foram encontrados na cidade no sábado, o que aumentou o número de vítimas para 230, entre moradores e turistas. Uma das últimas pessoas a serem resgatadas com vida foi uma menina chamada Giorgia, que completou quatro anos neste sábado (27). O pequeno caixão de sua irmã, Giulia, estava entre os corpos velados na cerimônia coletiva.

INVESTIGAÇÕES As autoridades liberaram os nomes de 181 vítimas. A mais jovem tinha cinco meses e a mais velha, 93 anos. Outros funerais coletivos serão realizados nos próximos dias, incluindo um na capital, Roma, origem de quase 50 pessoas mortas. A área atingida pelo tremor é bastante frequentada no período de férias de verão, entre julho e agosto na Europa. Autoridades italianas abriram uma investigação sobre alguns incidentes, incluindo o colapso de uma torre em Accumoli, que caiu sobre um telhado de um prédio vizinho e matou uma família de quatro pessoas. “O que aconteceu não pode ser considerado destino”, disse o procurador Giuseppe Saleva. “Se esses prédios tivessem sido construídos como se faz no Japão eles não teriam caído”. Renzi prometeu reconstruir as comunidades destruídas e o prefeito de Amatrice pediu ao governo que esse trabalho não seja lento como foram as obras de recuperação após terremotos anteriores.