SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Japão vai investir 30 bilhões de dólares (cerca de R$ 98 bilhões) na África nos próximos três anos, prometeu neste sábado (27) o premiê Shinzo Abe, durante uma reunião de cúpula Japão-África em Nairóbi, no Quênia, classificada de histórica por seus participantes.
Esta sexta edição da Conferência Internacional de Tóquio sobre o Desenvolvimento da África (Ticad) é realizada em território africano, e não na capital japonesa, como vinha acontecendo desde a primeira edição, em 1993.
“Espero que a soma se eleve a 30 bilhões de dólares”, declarou Abe na abertura da Ticad, assinalando que se tratam de investimentos públicos e privados.
Desta soma, US$ 10 bilhões serão destinados ao desenvolvimento de infraestrutura.
Trinta chefes de Estado participam da Ticad, cujos principais eixos são a industrialização da África, a melhoria da saúde e a estabilização de um continente afetado por crises.
Também serão assinados 70 protocolos diversos e acordos comerciais entre Japão e África.
“Trata-se de um investimento que tem confiança no futuro da África”, afirmou o premier japonês.
Os US$ 30 bilhões prometidos pelo Japão incluem novos compromissos de até US$ 21 bilhões, assim como US$ 9 bilhões procedentes de uma promessa de investimento feita três anos antes, na quinta edição da Ticad, explicou à AFP o porta-voz do governo japonês Yasuhisa Kawamura.
“A maioria das nações que escapam da pobreza o fazem graças à industrialização, e a África ainda não chegou à altura do seu potencial”, afirmou o presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta, enquanto Abe classificou a industrialização de “chave do desenvolvimento econômico”.
A SOMBRA DA CHINA
A reunião, que termina neste domingo, é organizada conjuntamente por ONU, União Africana, Banco Mundial e Japão.
O encontro representa para Tóquio uma forma de consolidar sua posição no mercado africano e driblar a oferta feita ao mesmo continente pelo gigante asiático vizinho, a China.
O comércio entre Japão e África subiu a US$ 24 bilhões em 2015, muito abaixo dos US$ 179 bilhões negociados entre o continente africano e a China.
Presente à Ticad de Nairóbi, a diretora do Programa da ONU para o Desenvolvimento (PNUD), Helen Clark, exortou os participantes da reunião a não esquecerem “o aspecto humano” do desenvolvimento da África.
Coincidindo com a Ticad, o Banco Mundial e o Fundo Mundial de Luta contra a Aids, a Tuberculose e a Malária anunciaram investimentos estimados em 24 bilhões de dólares na África nos próximos três a cinco anos, para ajudar na reestruturação dos sistemas de saúde do continente.
“Para ajudar os países a colocar em prática suas reformas na área de saúde, o Banco Mundial e o Fundo se comprometem a investir US$ 24 bilhões na África nos próximos três a cinco anos, informaram os dois órgãos em um comunicado comum divulgado na noite desta sexta-feira.