EDUARDO CUCOLO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – As contas do governo federal fecharam o mês de julho com deficit de R$ 18,6 bilhões, aumento de 140% em relação ao resultado negativo do mesmo período do ano passado, já descontada a inflação do período.
No mês passado, o Tesouro Nacional realizou o pagamento semestral de subsídios para os bancos públicos, no valor de R$ 9,2 bilhões. Desde o início do ano, o governo adotou a regra de dois pagamentos ao ano, de forma a acabar com as “pedaladas fiscais” adotadas no governo Dilma.
Os dados divulgados nesta terça-feira (30) pelo Tesouro Nacional mostram ainda deficit de R$ 51,1 bilhões no acumulado do ano, ante R$ 8,9 bilhões nos sete primeiros meses do ano passado.
Como tem ocorrido em todos os meses deste ano, os números são os piores já registrados pelo Tesouro, cuja série histórica começa em 1997.
O Congresso autorizou o governo a fazer um deficit de até R$ 170,5 bilhões em 2016. O deficit acumulado em 12 meses soma R$ 163,3 bilhões até julho deste ano, cerca de R$ 10 bilhões acima do verificado até junho.
INSS
Em julho, a Previdência Social registrou deficit de quase R$ 12 bilhões, aumento de 92% na comparação anual.
“O crescimento do deficit da Previdência Social tem sido o principal condicionante do resultado primário do governo”, afirma o Tesouro em nota. No ano, o deficit cresceu 67% além da inflação, para R$ 73,4 bilhões.
Segundo o governo, o resultado está influenciado pela greve do INSS no segundo semestre de 2015, que atrasou a concessão de benefícios.
QUEDA NA ARRECADAÇÃO
A recessão econômica derrubou as receitas do governo federal, que recuaram 6,8% no acumulado do ano. A arrecadação de tributos caiu mais (-7,3%). A diferença se explica pela entrada de recursos de um leilão de usinas hidrelétricas do ano passado. O governo recebeu R$ 17,4 bilhões, divididos nos meses de janeiro, junho e julho.
O Tesouro estima que a carga tributária associada à arrecadação de tributos da Receita Federal esteja em 12,7%, depois de chegar ao pico de 14,5% em novembro de 2011.
As despesas do governo federal, por outro lado, cresceram 0,8% acima da inflação neste ano. O governo aumentou os gastos com Previdência, subsídios e abono salarial e seguro desemprego, principalmente. E cortou as despesas dos ministérios e os investimentos do PAC.
O Tesouro destaca que, no mês passado, o governo desembolsou R$ 2,9 bilhões para a realização da Olimpíada do Rio.