SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O jornal venezuelano “El Nacional” afirmou nesta terça-feira (30) ter sido alvo do segundo ataque em dois meses. O responsável, segundo o jornal, é o coletivo pró-governo identificado como Chama.
Na madrugada desta terça, integrantes do grupo lançaram fezes em chamas e coquetéis molotov contra a sede do periódico. Eles deixaram ainda panfletos em que criticam o trabalho do jornal.
No dia 17 de junho, também de madrugada, o grupo tentou arrombar a entrada do prédio do jornal, lançaram excrementos e picharam “Chama Pueblo Rebelde” (Chama Povo Rebelde) na fachada.
O editor-adjunto do “El Nacional”, Elías Pino Iturrieta, condenou os ataques e afirmou que o jornal não vai alterar “nem um milímetro” em sua linha editorial, crítica ao governo do presidente Nicolás Maduro.
“De novo lançaram excremento na fachada do ‘El Nacional’, parece que é tudo o que resta no cérebro, o que demonstra ainda mais a sua falta de argumento”, disse o presidente-editor, Miguel Henrique Otero.
A agressão também foi repudiada pelo SNTP (sindicato dos trabalhadores da imprensa venezuelana). “Tais ataques tentam restringir a liberdade de expressão”, disse, em nota, o órgão.
OPOSITOR DESAPARECIDO
O líder oposicionista venezuelano Yon Goicoechea, um dos dirigentes do partido Voluntad Popular, desapareceu na manhã desta segunda (29). Em seu perfil verificado no Twitter, sua mulher, Rosaura, denuncia que Goicoechea foi sequestrado pelo Sebin (Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional).
De acordo com o advogado Nizar El Fakih, que representa Goicoechea, ele não pode receber visitas ou atender a ligações. O advogado confirmou nas redes sociais que recebeu informação oficial do Sebin segundo a qual o oposicionista será apresentado aos tribunais.
O prefeito de El Hatillo (a 20 km da capital, Caracas), David Smolansky, outro dirigente do Voluntad Popular, também denunciou o sumiço no Twitter. Ele afirma que o correligionário foi “interceptado após o túnel de La Trinidad [em Caracas] por grupos armados”.
No Twitter, Rosaura diz desconhecer o motivo da prisão e temer pela integridade física do marido.
“Bom dia, eu sou Rosaura, a esposa de Yon. Às 9h26 da manhã de hoje, terça-feira (30), eu não tive contato com ele e nem sei onde ele está. Yon não pode falar com seus advogados. Não sabemos as razões da sua prisão. Tememos pela sua integridade física”, escreveu ela no perfil do dirigente político.
“Tanto eu como nossos dois filhos querem ver Yon libertado”, acrescentou.