FABRÍCIO LOBEL SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A gestão Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou para esta quarta-feira (31) a inauguração da obra de interligação do Rio Pequeno com o Rio Grande, na Grande São Paulo. Os dois rios são braços da represa Billings e devem aumentar a disponibilidade hídrica na cidade. Inicialmente o governo do Estado e a Sabesp, estatal paulista de saneamento, haviam prometido a obra para junho de 2015. A ideia era captar 2,2 mil litros de água por segundo do Rio Pequeno.

Em setembro de 2015, a estatal anunciou que a obra estaria em fase final de execução e que seria capaz de captar quase o dobro do projeto inicial: 4 mil litros por segundo. Mas até o início de 2016, engenheiros da empresa ainda trabalhavam no local. Para se ter uma ideia da dimensão da obra, atualmente a Grande São Paulo consome 59 mil litros por segundo.

A ideia da interligação é retirar água de um braço ainda não explorado da Billings, antes que essa água atinja o corpo poluído da represa. Essa água será transferida por adutoras até o Rio Grande, manancial que passou a ser peça chave no jogo de xadrez do abastecimento da Grande São Paulo.

A partir do Rio Grande, a água pode seguir dois caminhos. O primeiro é abastecer a região do ABC paulista e parte da zona sul da capital. Para isso, a capacidade da Estação de Tratamento de Água do Rio Grande teve de ser ampliada. As obras para essa ampliação foram feitas após assinatura de contrato em que houve dispensa de concorrência, por seu caráter emergencial. O segundo caminho da água é seguir para uma outra obra da Sabesp, a interligação do Rio Grande com o sistema Alto Tietê, que abastece a porção leste da Grande São Paulo.

A interligação é um conjunto de adutoras que percorrem 10 km em terreno acidentado até desembocar em um córrego que alimenta uma represa do Alto Tietê. A interligação do Rio Grande com o Alto Tietê foi anunciada como a principal obra de 2015 da Sabesp e do governo do Estado para contornar a crise hídrica, que deixou milhares de paulistanos diariamente sem água entre os anos de 2014 e 2016.

A obra custou R$ 130 milhões. Anunciada em janeiro de 2015 por Alckmin, a obra foi prometida para ser entregue em maio. Mas, sem material, sem licitação e sem licença ambiental, a interligação foi só pôde ser entregue pelo governador em setembro. Ainda assim, logo após a inauguração, a água bombeada iniciou um processo de assoreamento do córrego. Uma nova obra tocada pelo Daee (departamento estadual de águas) teve que ser feita para que a interligação funcionasse a partir de dezembro de 2015.

Com a obra a ser inaugurada nesta quarta-feira, o Rio Grande passa a ter o Rio Pequeno como fonte alternativa de água. O Rio Grande deverá assim ser capaz de abastecer seus dois pontos de captação de maneira mais regular. A Sabesp diz que a obra de interligação do Rio Pequeno e Rio Grande não está atrasada, apesar de ter sido anunciada para o junho de 2015. Segundo a estatal, como choveu no último verão, não houve necessidade de inaugurá-la antes. O sistema Alto Tietê, principal beneficiário das duas obras, está com 41,9% de sua capacidade. Há um ano, ele estava com 14%. Em 2016, as chuvas estão 9% abaixo do esperado no manancial, que é o segundo maior em capacidade da Grande São Paulo.