JULIANA GRAGNANI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um ônibus municipal foi atacado e incendiado por um grupo de adultos e crianças dentro do campus da USP (Universidade de São Paulo), na zona oeste, por volta das 19h20 desta quarta-feira (31).
Segundo relato do motorista, cerca de 30 pessoas começaram a jogar pedras, pedindo para todos descerem, no trecho entre a prefeitura do campus e as instalações do Hospital Universitário.
O ônibus saía do terminal dentro da Cidade Universitária em direção ao Parque D. Pedro, no centro da capital.
O motorista disse que pelo menos três participantes do ataque estavam armadas.
Além do motorista e da cobradora, havia dentro do ônibus outros oito passageiros.
O grupo jogou gasolina e ateou fogo no veículo. O líquido acabou atingindo também parte do corpo do motorista, que saiu correndo. Um táxi estacionado ao lado também foi atingido pelo incêndio.
“Tinha menino de 10, 12 anos”, disse a cobradora Riveria Freitas, que correu assustada ao ser abordada.
Os envolvidos no ataque saíram da Cidade Universitária pelo portão que dá acesso à favela São Remo, vizinha ao campus. Outros ônibus pararam de rodar na USP, e algumas aulas foram suspensas.
A polícia ainda não informou qualquer suspeita sobre a motivação do ataque. Alunos faziam referência a uma suposta retaliação à morte de um morador da São Remo.
O segurança Álvaro Rosa, 43, que trabalha na Cidade Universitária, estava de folga caminhando pelo campus. Voltava para casa, dirigindo-se ao portão que dá para a São Remo, quando ouviu um barulho vindo “de um grupo de meninos”. “Achei que estavam jogando bola, mas depois vi que jogavam pedras no ônibus”, afirmou.
Com a paralisação de outros ônibus no campus, alunos do período noturno não foram avisados e tiveram dificuldade para voltar para casa. Muitos caminhavam a pé à noite para sair da região.
No ponto de ônibus da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas), alunos pediam carona a quem passasse por ali por volta das 22h45. Carros passavam divulgando a informação de que não circulava ônibus no campus da USP e oferecendo caronas.
Aluno de história e morador de Guarulhos, Luiz Guilherme Izidoro, 17, esperava, ainda com esperança, o fretado para levá-lo para casa. Sua aula, como muitas na unidade, foi cancelada pelo professor quando uma aluna avisou a sala que havia recebido mensagens sobre o ônibus queimado. Circulava o boato de que arrastões estavam acontecendo no campus.