FERNANDA PERRIN SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As vendas de veículos em agosto recuaram 11,3% em relação ao mesmo período do ano passado, mas cresceram 1,4% em relação a julho. O resultado, divulgado nesta terça (6) pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), indica uma desaceleração do ritmo de piora do setor. Em julho, a retração anual do indicador havia sido de 20,3%. A projeção da entidade é que o ano termine com uma queda de 19% nos licenciamentos. Já a produção de veículos teve queda de 18,4% em relação a agosto de 2015, um aprofundamento em relação a julho, quando houve uma redução de 15,3%. Segundo a entidade, o número foi influenciado pela parada da produção de uma associada à entidade. A Volkswagen parou a produção em quatro plantas que produzem automóveis e motores no período por problemas com um fornecedor. O fato também afetou o total exportado pelo setor, que caiu 11,8% na comparação mensal. No ano, porém, houve aumento de 16,7% nas vendas para o exterior. Os estoques permaneceram estáveis em agosto, com uma média de 36 dias-em julho, eram 37 dias. “Nós estávamos aguardando a estabilização política do país. Agora, com a definição do processo de impeachment, não há porque ficar aguardando, temos que seguir em frente”, diz Antonio Megale, presidente da Anfavea. Para ele, o setor não pode mais “perder tempo”. A entidade afirma apoiar o ajuste fiscal e a reforma da Previdência, mas é contrária aumento de impostos -possibilidade levantada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. O segmento de máquinas agrícolas e rodoviárias teve um resultado positivo acima da média, na comparação com outros segmentos. Influenciada pela melhora na confiança no agronegócio, as vendas avançaram 7,3% em relação a agosto do ano passado e 12,5% na comparação com julho. O segmento também apresentou um crescimento de 28,6% nas exportações no ano, e de 18,6% no mês. De acordo com Megale, a variação resulta em parte da retomada de importações do mercado norte-americano, o principal comprador. EMPREGO O emprego na indústria automobilística segue caindo, embora em ritmo mais lento. Em relação a agosto de 2015, a queda foi de 6,2% mas, na comparação mensal, a retração foi de 0,7%, totalizando 126.000 pessoas empregadas -900 postos a menos em relação a julho. De acordo com Megale, a queda reflete programas de demissão voluntária adotadas no período, como o da Mercedes-Benz. Há 2.500 pessoas em lay-off (suspensão temporária dos contratos de trabalho) e 19.800 no PPE (Programa de Proteção ao Emprego) no momento. A entidade pressiona o Ministério do Trabalho para ampliar as flexibilizações, tornando o PPE um programa permanente e avançando na regulamentação da terceirização, diz o presidente da Anfavea.