Pesquisa realizada pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) divulgada no dia 29 de agosto apontou que 81% dos jovens não se candidatariam a cargos políticos. Um posicionamento preocupante que mostra a falta de credibilidade da política junto aos jovens e que é refletido em números das eleições municipais de 2016.
Em todo o país temos 496.747 candidatos para o cargo de vereador, prefeito e vice, porém apenas 48.710 estão na faixa até 29 anos, um pouco a mais de 9% do total. No Paraná a proporção é praticamente a mesma em relação aos 31.307 candidatos para esses cargos, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral.
Os motivos pelos quais os jovens entrevistados afirmaram não se interessar em concorrer variavam desde repúdio a corrupção no meio até falta de espaço para candidaturas fortes nos partidos. Obviamente a participação do jovem na política não precisa, necessariamente, estar ligada a sua candidatura, mas a pesquisa também revelou o alarmante número que 23,8% dos entrevistados afirmaram não entender ou não gostar de política.
Contrário ao ditado popular que afirma que política não se discute, é necessário despertar o interesse para o seu debate e compreensão, pois sem dúvidas ela irá afetar a vida de todos, seja de maneira positiva ou negativa. Somado a isso, a mudança e melhoria da política que todos desejamos não irá acontecer se não tomarmos parte desse processo.
Essa participação exige uma mudança de postura dos próprios partidos, que não conseguem apresentar com clareza a aplicação das ideologias partidárias em suas propostas, projetos e planos de gestão. A pesquisa apontou que 90% dos entrevistados não possuem preferência por nenhuma legenda, uma demonstração clara da dificuldade de representação que encontram atualmente.
O Brasil vivenciou um momento histórico com manifestações que reuniram milhares de pessoas em todos os estados e mostrou a força da população. Por representarem um dos segmentos mais atingidos pelas políticas públicas, especialmente em relação a questões de seguranças, emprego e educação, a participação efetiva dos jovens no debate é necessária não apenas para que tenhamos um foco objetivo para suas prioridades, mas também para apresentarem uma visão diferenciada da nossa sociedade e contribuírem para que tenhamos gerações cada vez mais politizadas, informadas e conscientes de seu papel como protagonistas do futuro do país.

Marcello Richa é presidente do Instituto Teotônio Vilela do Paraná (ITV-PR)