Primeiro vamos explicar porque estamos tendo que nos acostumar com a palavra paralimpiada, que dá a impressão de que ouve um erro de digitação. É que a firma proprietária das Olimpíadas no mundo, não permite a grafia correta, para não misturar os dois conceitos de eventos. Mas vamos ao que interessa:

É preciso uma olimpíada especial, para que o povo fique sabendo dos problemas a serem resolvidos em termos de acessibilidade. É preciso ver a quantidade de pessoas com deficiências físicas causadas por remédios receitados por médicos às mulheres grávidas – quem não se lembra da Talidomida, um inocenteremedinho que deveria dar mais conforto às futuras mães mais ansiosas e acabou com tão nefastos resultados para toda uma geração –, a quantidade de pessoas que sofrem amputações por causa de acidentes ou doenças, o número incalculável de quem já nasce com problemas no cérebro, que se irradiam pelo corpo. Convém também lembrar que na França está havendo uma nova onda de pessoas defeituosas, decorrência de um dos tais remedinhos fornecidos às grávidas…Coisas dos nossos tempos.

É preciso juntar atletas de todo o mundo, como aconteceu no Rio de Janeiro, para que o assunto seja pelo menos discutido. É importante também ver que não são apenas os deficientes físicos que necessitam atenção: idosos, grávidas, pessoas com incapacidade de locomoção momentânea, causada por um acidente ou operação cirúrgica, estão aí, esperando soluções nas calçadas, nas ruas que terminam em escadarias, nos teatros, nos aeroportos.

Quem vê as reclamações – mais do que verdadeiras – dos que sofrem com a cegueira e incompetência de governantes e políticos em geral, sempre indiferentes aos problemas citados, fica pensando que o mundo todo é assim. Mas não é verdade. Na Europa e nos Estados Unidos, casas, hotéis, restaurantes, casas de show e teatros, aeroportos, são adaptados para que todos tenham iguais direitos de locomoção.


Nos países desenvolvidos, o cadeirante tem acesso facilitado desde o ponto do ônibus, ao metrô, às dependências da hotelaria e restaurantes ou casas de shows, aos trens, aos navios. E pode se locomover pelas calçadas, sem o perigo da cadeira de rodas virar, com a falta de rampa ou desnível correto nas ruas

FRANÇA ACESSÍVEL A TODOS
Quem vê os problemas que cadeirantes encontram em todas as cidades brasileiras, nem se arrisca a viajar para o exterior. Mas é preciso saber que na França quem tem mobilidade limitada continua a viver feliz.

Em Paris e cidades vizinhas, foi desenvolvido um programa que atender melhor aos turistas com mobilidade restrita e no ano 2001 já era lançado o Tourisme & Handicap, que torna Paris e a região de Île de France mais acessíel a todos, incluindo quem tem deficiência mental, visual ou auditiva. O que envolve mais de 125 estabelecimentos, atrações culturais, hotéis e restaurantes, que usam o selo do programa.

Linha de metrô acessível para cadeiras de roda, como a de número 14, que percorre o centro de Paris e várias áreas turísticas, com estações equipadas com elevadores entre a rua e a plataforma, portas de vagões que abrem automaticamente e a não existência de vãos entre os vagões e a plataforma, são alguns dos cuidados que não foram esquecidos.

Também os ônibus da linha 24 têm acesso facilidade para cadeiras de roda. Todos os ônibus possuem assentos prioritários para idosos e pessoas com dificuldade de locomoção. E lá o público respeita a restrição, sem invadir os espaços especiais. Táxis G7 e Ptitcar oferecem serviços e excursões com van dotadas de rampas de acesso para cadeiras de rodas. Fora dos limites da cidade, os RER e o sistema de trens regionais (Transilien) cobrem a região da Île de France, com muitas estações equipadas com elevadores da rua para a plataforma. O sistema ferroviário nacional – SNCF – facilita acesso a cadeiras de rodas, inclusive nos TGVs, trenas de alta velocidade, o Eurostar (para Londres) e o Thalys (Bruxelas/Amsterdam). Basta procurar à recepção – Accueil – da estação, para atendimento especial.

Idosos são respeitados e ganham descontos na maioria dos transportes públicos. Basta ter mais do que 60 anos. Há tarifas reduzidas também em aviões para cidades do interior da França. A SNCF tem a Carte Senior e descontos Découverte para idosos e a Rail Europa oferece o Senior Pass. Para deficiente e acompanhante, a entrada é gratuita nos museus nacionais, o que inclui o Louvre e Versalhes.

Então, não tenha medo de viajar para o exterior. Ao fazer reserva de hotel, ligue primeiro ou consulte a internet para saber de acessos para quartos, elevadores com portas amplas e acomodações no andar térreo, para não ter problemas com a cadeira de rodas. Alguns hotéis possuem suítes especiais, com tarifas de quarto duplo pelo preço de um single e dois cafés da manhã pelo preço de um, para hóspedes acima de 55 anos.

Antes de viajar consulte o www.pidf.com, clicando em Disabled People ou Tourism and Disability. O www.franceguide.com tem o Special Need Tourism ou Tourism and the Disabled com boas dicas. Na SNCF procure www.voyages-sncf.com e clique Espace Senior ou Carte Senior e Découverte Senior para informações sobre descontos. O www.raileurope.com tem o France Seniorpass para detalhes de viagens. Para quem tem dificuldade de locomoção, o site é www.frenchlinks.com

RIVIERA ACESSÍVEL
Tire proveito das inúmeras oportunidades para idosos e pessoas com mobilidade limitada. Dá para visitar as perfumarias de Grasse, ter aulas de culinária em Canton de Levens ou aprender a fabricação de vidros artísticos em Biot. Dá também para fazer passeios ao longo da costa ou um tour pelos villages perches( cidades no alto de colinas) da região e pelas cidades históricas. E ainda aproveitar o sol nas praias únicas. Os idosos podem ainda praticar esportes no Azurement Sport, atividades para terceira idade e utilizar excursões e transporte especial no Ulysse Transport Wheelchair (www.ulysse-transport.fr). Faça as malas, planeje sua viagem e seja mais feliz. E saiba que todos os navios de cruzeiros marítimos têm cabines especiais, mais espaçosas, que permitem o uso de cadeiras de rodas no seu interior e que todas as instalações, principalmente nos banheiros, têm adaptações para idosos e pessoas com pouca mobilidade física.