SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O novo treinador da seleção inglesa, Sam Allardyce, foi acusado pelo jornal local “The Telegraph”, nesta segunda-feira (26), de utilizar sua posição para negociar fraude à lei da Fifa que impede a ação de terceiros nas negociações de jogadores. Pelo “serviço de consultoria”, Allardyce cobra 400 mil libras (R$ 1,6 milhão, na cotação atual). Allardyce foi filmado em reunião com supostos empresários do oriente dispostos a investir “bilhões de libras” no mercado de transferências de atletas. Os agentes, no entanto, eram jornalistas da publicação britânica. Na conversa, o treinador concordou em viajar a Cingapura e Hong Kong como “embaixador” e explicou aos interlocutores como fazer para “driblar” a regra de proibição de terceiros em transações. A regra foi adotada em 2008 pela FA (Football Association, a federação inglesa de futebol), que descreveu a prática como “escravidão”. Ela proíbe que empresas comprem participações nos direitos econômicos dos jogadores. Em 2015, a Fifa adotou a legislação. De acordo com a reportagem do “The Telegraph”, no entanto, Allardyce, de 61 anos, não considera a lei um empecilho. Ele diz que os empresários burlam a regra o “tempo todo”, e acrescenta que “é aí que está o grande dinheiro”. O treinador tem apenas um jogo no comando da seleção inglesa, vitória sobre a Eslováquia. Agora enfrentará questionamentos pela atitude no mínimo suspeita, revelada pela reportagem. Ele recebe da FA, anualmente, 3 milhões de libras (R$ 12,5 milhões) mais bônus. A publicação relata que “um acordo de 400 mil libras com uma agência que pretende atuar no futebol destaca um conflito em potencial para um técnico de seleção”, já que, desde a sua posição, Allardyce poderia privilegiar determinado jogador. O jornal inglês informa que investiga a corrupção no futebol britânico desde o ano passado, motivado por supostas irregularidades praticadas por diretores de clubes e empresários. Nos próximos dias, promete, detalhará mais irregularidades cometidas no esporte local, que “levantam sérias questões sobre a influência do dinheiro no jogo”.