Ainda no ensino médio, fui junto com meus colegas conhecer a Bolsa de Valores do Paraná. Foi uma visita mais frustrante que interessante, afinal esperava ver aquele bando de malucos ao telefone ou na frente de um computador, vendendo, comprando e fazendo o mundo girar. O responsável pelo local explicou que o fervo mesmo era em São Paulo, que ali não tinha nada de hollywoodiano. Paciência.

Das coisas que ele falou, e que a maioria eu esqueci, lembro-me bem de uma delas, provavelmente a única: O mercado de ações, assim como a vida, é cíclico. Hoje um papel está em alta, amanhã em baixa. Logo depois, entretanto, pode estar em alta novamente. O erro cometido hoje, se não for bem compreendido, pode voltar a se repetir. Aquilo nunca saiu da minha cabeça e lembro das palavras daquele senhorzinho quando faço autoanálises sobre a vida e os acontecimentos que me rodeiam. Quando reflito o que ele disse, associo os momentos de alta e baixa com erros e acertos que somamos na vida e a maneira com que lidamos com cada um deles.

Quando você analisa tal acontecimento com profundidade, considerando os pontos positivos e negativos, é possível planejar algo diferente para quando o problema voltar (e ele vai voltar) a solução e os resultados sejam diferentes.

A demissão do técnico Marcelo Marcelotte no Paraná Clube veio pra comprovar a tese de que no futebol tudo é cíclico também, especialmente o cometimento dos erros. Tudo segue sendo conduzido de forma amadora e não há 7 x 1 que possa colocaras coisas nos eixos.

A chegada do agora ex-treinador, a demissão questionável de seu antecessor, a saída de Martelotte e também a contratação de Roberto Fernandes deixam claras a confusão do departamento de futebol paranista. A falta de convicção é um dos grandes males do futebol, seguida muito de perto pelo orgulho e falta de humildade. Quem conduz o Paraná atualmente é especialista em todas elas.

O Paraná tem bons talentos, manteve salários em dia, reorganizou finanças, baixou valores para atrair o torcedor, mas não teve convicção na manutenção dos treinadores. Deixaram que a torcida novamente tivesse peso maior do que ela merece e permitiram que a troca de treinador acontecesse. Agora e lá atrás. E lá na frente, será assim de novo?

O polêmico e quase caricato Roberto Fernandes foi trazido por quê? Porque a diretoria realmente acredita em sua competência? Se sim, ótimo. Deixem o homem trabalhar até o final do ano, planejar 2017 e colher frutos na próxima temporada. Ou será que trouxeram-no por se tratar da opção mais barata das mais caras entre treinadores de nome conhecido, porém de médio quilate? Se sim, aí temos um problema. Durará até quando na Vila Capanema? Passará incólume a uma declaração mal dada/interpretada? Resistirá a uma sequência de resultados ruins?

Entre os inúmeros erros da diretoria paranista, qual seria o maior? A demissão de Claudinei? A contratação e/ou a demissão de Martelotte? A vinda de Roberto Fernandes? Ou a falta de tempo para que eles pudessem implantar suas filosofias de jogo? Quem sabe o pouco critério na contratação de qualquer um deles?

A literatura do futebol já provou que o tempo é decisivo para a construção de um time forte e, acima de tudo, campeão. O Paraná esta novamente no foco do problema, que se repete em muitos times brasileiros. Essa rotina estúpida tem que parar. É hora de escolher com mais critério e ser mais teimoso que o normal. Aguentar a pressão externa e manter-se convicto de que é possível juntar as várias variáveis do futebol e conseguir um resultado satisfatório. Uma vitória, um título, um acesso. Basta querer e insistir.

Eduardo Luiz Klisiewicz é curitibano, jornalista, radialista e empresário.