ESTELITA HASS CARAZZAI CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) – Uma decisão do Tribunal de Justiça do Paraná suspendeu, nesta quarta-feira (28), a sindicância instaurada pela Prefeitura de Curitiba para apurar o sumiço de 12 obras de arte de um museu municipal. O pedido partiu do candidato a prefeito Rafael Greca (PMN), que é suspeito, segundo revelou reportagem da Folha de S.Paulo, de manter algumas das peças desaparecidas em sua chácara. Ele nega e diz possuir apenas heranças de família.

Greca é o principal adversário do atual prefeito Gustavo Fruet (PDT), que tenta a reeleição. À Justiça, o candidato argumentou que a sindicância, instaurada na semana passada, configura abuso de poder. Segundo ele, o sumiço das peças era conhecido pela prefeitura desde 2001, mas apenas às vésperas da eleição houve investigação. “Sua finalidade [da sindicância] não é apuração dos fatos, mas sim angariar proveito eleitoral”, afirmam os advogados de Greca.

A prefeitura argumenta que não tinha conhecimento das suspeitas sobre o paradeiro das obras de arte até a publicação da reportagem da Folha de S.Paulo, e que “cumpriu sua função de defesa do patrimônio público”. Na decisão, que é provisória, a magistrada Cristiane Santos Leite destaca que “é público e notório” que Greca é candidato. Para ela, em função da proximidade da votação, há risco de “eventual favorecimento ou prejuízo aos candidatos que disputam as eleições”. A suspensão da sindicância é válida até decisão em contrário, ou até o julgamento final da ação movida por Greca.

Em nota, a Prefeitura de Curitiba informou não ter sido notificada da decisão, mas que abriu a sindicância em função de reportagem da Folha de S.Paulo, “diante da qual o município não poderia se omitir”.