SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Com frases como “sem policiais assassinos” e “vidas negras importam”, manifestantes cobraram pacificamente nesta quarta (28) uma investigação federal da morte de um homem negro desarmado na Califórnia, nesta terça (27).
O incidente registrado em El Cajon, 24 km a leste de San Diego, é a última de uma série de mortes de afro-americanos por policiais, o que vem gerando indignação por todo o país.
Dois policiais se depararam com o homem não identificado, de cerca de 30 anos, atrás de um restaurante, após receberem relatos de alguém que “agia fora de si” e caminhava em meio aos carros, disse a polícia de El Cajon em um comunicado.
O homem, que balançava para frente e para trás, não acatou a ordem de tirar a mão do bolso, acrescentou. Na versão da polícia, em determinado momento os agentes tentaram falar com o homem, e “rapidamente ele retirou um objeto do bolso dianteiro de sua calça, juntou suas mãos e as esticou rapidamente em direção ao oficial, no que pareceu ser uma posição para atirar”.
O chefe da polícia, Jeff Davis, não descreveu o objeto, mas disse em uma coletiva de imprensa que não foi recuperada uma arma de fogo.
O agente para quem o homem apontava atirou “várias vezes”, enquanto um segundo policial disparou simultaneamente seu taser (arma que dá choques), indicou a polícia, que divulgou uma imagem recuperada de um vídeo que mostrava um homem aparentemente apontando uma arma ao policial.
Rapidamente, cerca de uma centena de manifestantes se reuniram na cena, acusando a polícia de disparar sem advertência.
No protesto desta quarta (28), o reverendo Shane Harris, do grupo de direitos civis National Action Network, afirmou que a irmã do homem morto pela polícia havia ligado para o 911 e relatado que seu irmão estava fora de si, mas deixando claro que ele tinha problemas de saúde mental.
A morte de homens negros por policiais tem provocado protestos nos Estados Unidos, os últimos deles em Charlotte, Carolina do Norte, na semana passada.
Ali, a morte de Keith Lamont Scott, 43, provocou vários dias de manifestações, obrigando o governador do Estado a declarar estado de emergência e mobilizar a Guarda Nacional.
SERENA NÃO SE CALA
Nesta terça (27), a tenista americana Serena Williams disse que “não ficará calada” sobre as mortes de negros por policiais.
A atleta disse ter se inspirado para falar sobre o tema depois de ter pedido ao seu sobrinho, um jovem negro de 18 anos, que a levasse de carro a uma reunião. No caminho, os dois passaram por um policial, o que fez a tenista conferir se o sobrinho estava respeitando o limite de velocidade, de forma a evitar uma interação com a polícia.
No episódio, ela se lembrou “daquele vídeo terrível da mulher no carro quando um policial atirou em seu namorado”, uma referência à morte de Philando Castile, em julho, e disse se preocupar com situações semelhantes envolvendo sua família.
Williams citou Martin Luther King Jr., dizendo que “chega um momento em que o silêncio é uma traição”, e terminou sua fala dizendo “não ficarei calada”.