CATIA SEABRA E GIBA BERGAMIM JR. SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Com foco no governo Temer, a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no programa de TV de Fernando Haddad (PT) foi suspensa e terá de ser refeita. O secretário de Relações Institucionais da Prefeitura, José Américo Dias, disse, nesta quarta-feira (28), que o próprio Lula sugeriu que sua presença fosse revista.

A sugestão foi feita pelo ex-presidente na noite de terça-feira (27), durante ato de campanha com Haddad. Segundo Zé Américo, Lula afirmou que o texto de sua fala estava desatualizado. Lula argumentou que o discurso dessa reta final deveria ser dedicada à cidade, não ao cenário nacional. O ex-presidente fez essa avaliação após as pesquisas apontarem um crescimento de Haddad.

O secretário municipal afirmou que a peça não foi submetida à pesquisa qualitativa porque a campanha não tem dinheiro para contratar equipes responsáveis para sua realização. “O problema foi de embocadura. O texto estava desfocado. Infelizmente, não temos dinheiro para fazer qualitativa”, disse Zé Américo, que acompanhou a produção do programa. Como só há dois dias para exibição do programa de rádio e TV, Lula poderá gravar nesta quinta-feira (29) para que sua fala seja levada ao ar na sexta-feira. Sua participação será, porém, objeto de nova avaliação da equipe de Haddad antes da veiculação.

VOTO DO FUNK

A cinco dias da eleição, Haddad saiu em busca de votos entre jovens de periferia na tarde desta quarta-feira (28). Durante encontro com grupos de funkeiros na região central, Haddad disse que foi acusado por opositores de patrocinar os pancadões só porque dialogou com MCs durante seu mandato. Ele se reuniu com DJs e MCs da Liga do Funk, movimento que inclui artistas de periferia que se reúne MCs numa ONG na Vila Buarque (zona oeste). Para dialogar com os jovens, Haddad mudou até o linguajar, usando verbos como “rolou” e termos como “grande barato”, “cara” e “lance”.

O prefeito esteve ali acompanhado do ex-senador Eduardo Suplicy (PT) e candidatas a vereador, entre eles Claudia Baronesa, mãe do MC Gui, que tem milhares de seguidores no Facebook. Durante sua gestão, Haddad tornou lei a proibição de bailes funk, que reuniam até 10 mil pessoas nos bairros em cerca de 600 pontos da periferia.

Por outro lado, logo no início da gestão, Haddad se reuniu com os jovens para discutir políticas públicas de lazer na periferia quando houve a proliferação dos rolezinhos. Eram encontros de jovens em shoppings, que sofreram repressão da polícia e fizeram shoppings entrarem na Justiça contra os eventos organizados pelas redes sociais. “O que a posição fez? Disse: ‘o Haddad está patrocinando os pancadões'”, disse o prefeito. Haddad anunciou aos participantes que comprou uma área privada que vai virar um parque na área do Jardim Angela. “Podemos organizar um baile funk lá”.

PRIVATIZAÇÃO

Durante a manhã, Haddad atacou seu rival João Doria (PSDB), primeiro colocado nas pesquisas. Durante caminhada no bairro de Perus, o prefeito disse que irá ao segundo turno com propostas voltadas à cidade, “sem privatizações”, como vem sugerindo Doria. “Hoje temos dois projetos completamente diferentes. O candidato do PSDB quer vender tudo e nós queremos abrir os espaços para as pessoas ocuparem. São Paulo não está à venda”, afirmou. “Quando as pessoas perceberem que existem dois projetos, um de uma cidade para as pessoas, aberta e democrática, e outro de cidade privatizada, uma cidade dos carros, acho que elas vão se posicionar, independentemente de legenda”, afirmou.