BERNARDO GENTILE RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – O presidente do Fluminense, Peter Siemsen, anunciou na última terça-feira (27) a aquisição do terreno para o clube construir o estádio próprio para 42 mil torcedores na Barra da Tijuca, mesmo bairro do centro de treinamento, em fase final das obras. Automaticamente, os torcedores explodiram de felicidade, mas a verdade é que a futura casa do time ainda não é uma realidade e vai demorar alguns anos para ficar pronta. A reportagem listou cinco motivos que mostram que o sonho dos tricolores de ter uma casa própria precisará de muito trabalho para virar realidade.

AUTORIZAÇÃO O Fluminense deu um passo importante para tornar o sonho realidade. Encontrou o terreno e chegou a um acordo. A área pertence a uma empresa que se viu estagnada, sem conseguir construir devido ás regras construtivas do bairro. O Flu fez uma parceria e prometeu que conseguirá fazer com que tudo ande. Agora, o clube precisa conseguir a autorização da Prefeitura do Rio para construir o estádio no local. Isso porque há uma lei que determina um limite de altura, que seria atingida.

“O primeiro passo foi dado. Não adianta ficar eufórico e pensar que agora temos um estádio. Temos de trabalhar muito para chegar lá. Para quem trabalhou muito para ter o CT, com o nível e com a localização, acho que dá para confiar. O memorando significa o seguinte: o Fluminense tem uma obrigação, que precisa da parceria da prefeitura. Trabalhando junto, se muda a regra construtiva da localização e se constrói”, afirmou Siemsen.

QUEM VAI ‘BANCAR’ O ESTÁDIO Se o centro de treinamento foi construído com o apoio do vice de projetos especiais Pedro Antônio, ainda não há uma definição de quem será responsável pelas obras do estádio. O candidato à presidência pela situação, Pedro Abad, deixou claro que já mantém conversas nesse sentido, mas não há qualquer decisão tomada. “A construção depende de fontes de financiamento. Temos três previstas no estudo. Dependendo da receptividade, podemos ter recursos maiores e imediatos. Temos estimativas, mas é complicado falar de números exatos de orçamento porque gera uma expectativa enorme na torcida”, disse Abad.

CONTRAPARTIDA PARA A CIDADE Caso convença a Prefeitura do Rio a liberar a construção do estádio, o Fluminense terá que realizar algumas contrapartidas. O projeto ainda será elaborado e entregue ao próximo prefeito da cidade, que poderá ser decidido neste domingo. Entre as medidas, estão ações sociais com a comunidade do local e melhoria da qualidade do entorno, o que envolve diretamente o canal da Barra.

“Lógico que tem de dar contrapartida. Tem de desenvolver projeto com a área pública para poder mudar a regra de construção. Acho que é bom para todos. A região que tem comunidades, tem canais assoreados… A construção do estádio passa pela melhoria da qualidade do entorno, dos canais. É um trabalho extenso e difícil. Envolve as pessoas. A região clama. Ela está na fronteira entre o novo que cresce e as comunidades. A gente já tem isso no Rio, e convive bem. Mostra a diversidade da cidade. A gente convive em uma sociedade desigual e queremos contribuir com o desenvolvimento da cidade”, explicou Siemsen.

ELEIÇÃO Até o momento todas as conversas com a Prefeitura do Rio ocorreram com o atual prefeito Eduardo Paes. O mandatário gostou do que o Fluminense tem a oferecer, mas a verdade é que tudo dependerá do vencedor das próximas eleições, que poderão ser definidas neste domingo (2). Siemsen afirmou na última terça que não há qualquer receio nesse sentido.

“Independe totalmente. Ele (Eduardo Paes) faz um tremendo trabalho na cidade, dentro das dificuldades. O projeto é um bem para a cidade. Isso independe de partido e de prefeito. Tenho certeza de que o prefeito que ser eleito vai entender que o futebol mudou”, disse o dirigente tricolor.

TEMPO Por fim, o próprio Fluminense sabe que a casa própria vai demorar a ficar pronta. Tanto que o clube segue atento às negociações pelo Maracanã. O estádio é visto como ideal para receber o clube até que o sonho se realize. Até mesmo para quando já tiver sua arena, o time quer seguir atuando no “Maior do mundo” em jogos de maior apelo.

“O Maracanã não é descartado pelo Fluminense. A nossa estimativa é fazer um estádio com uma certa limitação de capacidade. Cabe negociação. Não queremos ser o empecilho do Maracanã, queremos ser parceiros. Queremos também ter a nossa casa. Ela muda a história. É um passo para ser diferente. Ter uma casa muda a relação do time com a história”, finalizou Siemsen.