As 14 aquarelas da exposição Mobilidadeimovel, em cartaz no Instituto Municipal de Administração Pública (IMAP), têm a cadeira de rodas como elemento marcante na produção da artista plástica pernambucana Ana Amália. O equipamento entrou em sua obra por inspiração no quadro O Quarto, de Van Gogh. Presente na maioria dos ambientes cotidianos, a habitual cadeira transformou-se em cadeira de rodas, após o acidente sofrido pela artista.

Ana Amália sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral) que a levou a quase completa imobilidade, sem perder, no entanto, a paixão pela arte. A exposição reúne ainda fotografia e um vídeo da artista durante seu processo de produção, em que usa boca para pintar. A mostra foi aberta na quarta-feira (28) e contou com a presença da secretária municipal da Pessoa com Deficiência, Mirella Prosdocimo.

O AVC levou a artista à Síndrome do Encarceramento. Ana Amália tem com o corpo paralisado, restaram apenas os movimentos de queixo, cabeça, olhos e a integridade intelectual. É com esses recursos que se comunica e produz sua arte. Um mouse adaptado ao queixo lhe permite comandar o computador, da mesma forma a adaptação do pincel garante autonomia para fazer arte.

Essa é a grande questão dela: potencializar as condições que têm. Ela faz arte com as condições que têm, afirma o curador José Minerini, que assina a curadoria em parceria com Fernanda Macahiba. A discussão em torno da cadeira remete a imobilidade do objeto e, ao mesmo, ao movimento que propõe.

A mostra Mobilidadeimovel apresenta obras produzidas entre 2006 e 2016. Entre elas está a obra intitulada Cadeira Árvore especialmente produzida para a exposição do IMAP. Ana Amália é formada em artes plásticas pela FAAP. Também estudou na Universidade Colombia, de Nova Iorque, e na Universidade de Austin, no Texas (EUA). A exposição pode ser visitada pelo público até o dia 17 de novembro.