LUCAS VETTORAZZO
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Os candidatos que estão à frente no bloco dos cinco concorrentes tecnicamente empatados no segundo lugar nas intenções de voto para a Prefeitura do Rio -Pedro Paulo (PMDB) e Marcelo Freixo (PSOL)- optaram por polarizar as discussões no último debate da televisão antes do primeiro turno, realizado na noite desta quinta-feira (30), na TV Globo.
Pedro Paulo (PMDB) e Freixo (PSOL), respectivamente com 11% e 10% nas intenções de voto, segundo pesquisa Datafolha da última terça-feira (27), estiveram frente a frente por pelo menos três vezes, duas por iniciativa do candidato socialista e uma pelo peemedebista.
Houve trocas de acusações de parte a parte. No último embate, Freixo respondia a uma pergunta de Crivella (PRB), o líder isolado nas pesquisas, e desafiou Pedro Paulo a perguntá-lo sobre educação.
Pedro Paulo atendeu a provocação e com um gesto de mão chamou Freixo para o debate, sem, contudo, mencionar seu nome. A pergunta, no entanto, foi sobre a revitalização da zona portuária do Rio.
O candidato a sucessão do atual prefeito do Rio, Eduardo Paes, aproveitou para destacar obras na região, ressaltou também o papel da iniciativa privada no projeto e disse que o opositor é contra o capital privado e que “flerta com a anarquia”.
Freixo disse em três momentos que Pedro Paulo privatiza serviços público de acordo com o interesse de empresas ligadas ao PMDB e lembrou que no projeto da zona portuária há denúncias de propinas cobradas pelo ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB). Acusou ainda o PMDB de incompetência no projeto, que não contemplou habitações populares.
“Incompetência é construir a nova Praça Mauá, revitalizar a Praça Quinze, fazer o VLT”, rebateu Pedro Paulo.
Freixo acusou Pedro Paulo de viver em uma bolha, que ele apelidou de “planeta Pedro Paulo”. “A culpa [da queda da ciclovia] é dessa relação nefasta que vocês têm com as empreiteiras. Isso não é tratar bem ou ter abertura com o capital privado. Isso é negócio e tem outro nome: é corrupção e é a cara do PMDB do Rio de Janeiro”, disse.
Pedro Paulo lembrou que Freixo recebeu doação de campanha de uma empresas de demolições que atuou na remoção da Vila Autódromo, favela onde foi construído o Parque Olímpico, cuja luta dos moradores foi encampada pelo PSOL.
Lembrou ainda que seu partido teve candidato a vereador em 2012 que tinha suspeita de ligação com a milícia. Terminou as acusações dizendo que um dos principais assessores de Freixo foi condenado pela Lei Maria da Penha por ter agredido sua mulher.
O candidato aproveitou para rebater as denúncias de que agrediu sua ex-mulher. Disse que o Supremo Tribunal Federal arquivou o processo a pedido da Procuradoria Geral da República. “Eu fui absolvido pela Justiça. O [Rodrigo] Janot [procurador Geral da República], aquela pessoa que tanto confiamos e que combate a corrupção, me inocentou, diferentemente de você que tem agressor de mulher condenado como principal assessor”, disse.
“De agressão a mulher você entende bem, Pedro Paulo. A diferença é que assim que soube das denúncias eu exonerei o assessor, diferentemente do que fez o Eduardo Paes que transformou o agressor em candidato a prefeito”, disse Freixo.
DISPUTA
A disputa no Rio está embolada com cinco candidatos tecnicamente empatados no segundo lugar. Crivella lidera com 29% das intenções, segundo o Datafolha. Pedro Paulo (11%) e Freixo (10%) dividem o segundo lugar com Jandira Feghali (PC do B), e Flávio Bolsonaro (PSC), com 7% cada, Carlos Osósio (PSDB) e Índio da Costa (PSD), com 6% e 5% respectivamente.
Durante parte do debate os candidatos evitaram chamar Pedro Paulo para o embate. Crivella chegou a fazer por duas vezes dobradinha com Freixo para atacar Pedro Paulo.
Crivella também chegou a polarizar com Pedro Paulo. Enquanto o peemedebista levantava para a questão da ligação de Crivella, a quem chamou de bispo durante todo o programa, com a Igreja Universal. Pedro Paulo chegou a dizer que Crivella traria o ex-governador do Rio Anthony Garotinho para o governo, além de bispos da igreja.
Crivella chegou a cantar uma paródia da música “Cartomante”, de Ivan Lins, para atacar o rival. ”
“Cai o rei de espadas/ cai o rei de ouro / cai o rei de paus, cai, não fica nada. Na verdade, o que ele queria cantar para mim era o seguinte: cai Sérgio Cabral / cai Eduardo Cunha / cai Pezão, cai, não fica nada. Essa é a canção do carioca. O PMDB tem que cair. Ninguém aguenta mais os escândalos dos candidatos”, disse.
“Todo mundo tem medo do Garotinho voltar”, disse Pedro Paulo.
Jandira e Osório polarizaram em dois momentos ao nacionalizar o debate. Osório acusou Jandira a fazer parte do “projeto que quebrou o país”. Jandira rebateu dizendo que Osório se relacionava com “golpistas” e com o governo que quer “retirar direitos do aposentado e do trabalhador”.