Dois consórcios de empresas e uma pessoa física protocolaram nesta sexta-feira (30) projetos para implantação e operação de linhas de transporte público com acionamento elétrico (eletromobilidade) em Curitiba. Os projetos serão agora analisados pela Comissão Especial do Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) e a expectativa é de que a licitação para implantação do sistema seja lançada ainda neste ano.

Estamos muito otimistas e com uma expectativa bastante positiva de uma parceria sólida e produtiva em favor de Curitiba, observou Roberto Gregório da Silva Júnior, presidente da Urbs, empresa que gerencia o transporte público em Curitiba.

Um dos grupos  – formado pelas empresas JMaluceli Construtora, M4 Consultoria e Pontoon Participações – propõe a utilização dos VLPs (veículos Leves sobre Pneus). Outro grupo – que reúne as empresas Nórdica Volvo (do Grupo Volvo), Cesbe Engenharia e Associação Metrocard – apresentou um projeto que prevê a utilização do sistema chamado BRT 2.0, composta por ônibus híbridos (motores diesel/elétrico). O proponente André Caon Lima, ligado à ONG Peatonal, apresentou uma proposta para uso de ônibus 100% elétrico (com uso de baterias).

Segundo o coordenador do projeto que propõe o uso dos VLP, Sergio Vidoto, a ideia é utilizar a atual rede integrada da cidade, aproveitando os principais eixos e canaletas existentes. Os VLPs, entre outras características, são mais estreitos, o que permite ultrapassagem nas canaletas, com dois veículos circulando em cada sentido ao mesmo tempo, comentou.

Os veículos, explica, são 100% elétricos (não utilizam baterias e funcionam ligados à rede no sistema de catenárias), não emitem poluentes e têm custo por quilômetro equivalente a cerca de 20% do valor do metrô. São modernos, confortáveis – possuem ar condicionado, wi-fi, arranque, trânsito e parada suave – e dispensam plataformas de embarque, pois têm o piso baixo, no nível das calçadas, acrescentou. O grupo conta com a parceria da empresa francesa NTL, que fabrica os VLPs e, segundo Vidoto, tem projeto para se instalar no Brasil.

Ayrton Amaral, da Volvo Bus Latin America, diz que a proposta do grupo é promover um upgrade no sistema BRT com a utilização de ônibus híbridos com motorização diesel Euro 6 (combustível de menor emissões) e motores elétricos. A ideia é valorizar o que Curitiba já tem de bom e exemplo para o mundo, que é o BRT, avançando em capacidade, sustentabilidade e conforto, com base em uma rede chamada CIVI (City Vehicle Interconnected), disse.

Com base na CIVI, explicou, as pessoas dentro dos terminais estarão 100% conectadas, em tempo real, com todo o sistema de transporte – horários, trajetos, paradas, etc – e também com a área externa, via wi-fi. Os veículos, híbridos, serão articulados e irão utilizar o diesel euro 6 (padrão europeu), o que, afirmou, garante menor volume de emissões.

A redução, comparativamente, é de 97% de particulados e óxido de nitrogênio, o que permite, inclusive, o trânsito em trechos subterrâneos, disse. Conforme explicou, graças a essa condição, o projeto contemplou cerca de quatro quilômetros de trânsito sob as avenidas República Argentina e Sete de Setembro, onde a superfície receberá o que chamou de Boulevard CIVI, com árvores, ciclovias, parque e áreas de lazer.

A proposta compreende as quatro linhas sugeridas pela PMI (Terminal CIC – Centro de Feiras, Barreirinha – Marechal Floriano, Centro Cívico – Boqueirão, Linha Atuba – Tatuquara) e ainda a linha norte-sul (Pinheirinho Santa Cândida), com seis estações e dois terminais subterrâneos, na Praça Rui Barbosa e no Portão. A estimativa é de que o sistema promova um ganho de 50% na velocidade do transporte.

André Caon Lima, da ONG Peatonal, propôs em seu projeto o uso de ônibus 100% elétrico com uso de baterias e refere-se exclusivamente à linha CIC ao Centro de Feiras, a ser implantado no Parque da Imigração Japonesa. Segundo ele, o modelo é de um veículo de piso baixo, dotado de conforto térmico e conectividade. Nosso principal diferencial é repensar a operação atual do sistema, propondo uma gestão cooperativa de trabalhadores, com possibilidade de tarifa zero, disse.

A proposta, explicou, é que o sistema seja custeado com o repasse de parte da CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico), cobrado sobre os combustíveis. Dessa forma, não haveria necessidade de recursos públicos e os usuários de veículos particulares sustentariam o sistema coletivo, observou.

 

Multimodalidade

O secretário municipal de Administração e Planejamento, Fábio Scatolin, destacou que esta PMI faz avançar o projeto da multimodalidade no transporte público de Curitiba, cujo objetivo é ampliar a capacidade do sistema e atender a demanda prevista para os próximos 20 ou 30 anos.

Segundo Scatolin, entre os critérios mais importantes a serem levados em consideração na PMI estão a capacidade de atendimento da demanda atual e futura de passageiros, a sustentabilidade do sistema proposto e sua viabilidade econômica.

A partir de agora, a Comissão Especial de Avaliação Técnica, presidida pelo professor Wilhelm Meiners, irá avaliar cada um dos projetos e já agendou para o próximo dia 13 outubro um showroom com as empresas para apresentação detalhada das propostas.